English

Português

Español

Français

Colocar mensagem aqui

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Vol. 29 (1)
2025



Artigos

“Chega desta falsa guerra”: ecologias de valor, operários e ambientalistas na Itália do Sul

Antonio Maria Pusceddu

Este artigo mobiliza as ecologias de valor como um quadro concetual para dar conta dos conflitos, contradições e dilemas decorrentes da experiência da crise socioecológica contemporânea. Baseia-se num trabalho de campo etnográfico em Brindisi,

[+]


Artigos

“Preventing them from being adrift”: challenges for professional practice in the Argentinean mental health system for children and adolescents

Axel Levin

This ethnographic article addresses the difficulties, practices, and strategies of the professionals of the only Argentine hospital fully specialized in the treatment of mental health problems of children and adolescents. More specifically, it

[+]


Artigos

Fazendo Crianças: uma iconografia das ibejadas pelos centros, lojas e fábricas do Rio de Janeiro, Brasil

Morena Freitas

As ibejadas são entidades infantis que, junto aos caboclos, pretos-velhos, exus e pombagiras, habitam o panteão da umbanda. Nos centros, essas entidades se apresentam em coloridas imagens, alegres pontos cantados e muitos doces que nos permitem

[+]


Artigos

To migrate and to belong: intimacy, ecclesiastical absence, and playful competition in the Aymara Anata-Carnival of Chiapa (Chile)

Pablo Mardones

The article analyzes the Anata-Carnival festivity celebrated in the Andean town of Chiapa in the Tarapacá Region, Great North of Chile. I suggest that this celebration constitutes one of the main events that promote the reproduction of feelings of

[+]


Artigos

Hauntology e nostalgia nas paisagens turísticas de Sarajevo

Marta Roriz

Partindo de desenvolvimentos na teoria etnográfica e antropológica para os estudos do turismo urbano, este ensaio oferece uma descrição das paisagens turísticas de Sarajevo pela perspetiva do turista-etnógrafo, detalhando como o tempo se

[+]


Memória

David J. Webster em Moçambique: epistolário mínimo (1971-1979)

Lorenzo Macagno

O artigo comenta, contextualiza e transcreve o intercâmbio epistolar que mantiveram, entre 1971 e 1979, o antropólogo social David J. Webster (1945-1989) e o etnólogo e funcionário colonial português, António Rita-Ferreira (1922-2014).

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

Género e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana: introdução

Luzia Oca González, Fernando Barbosa Rodrigues and Iria Vázquez Silva

Neste dossiê sobre o género e os cuidados na comunidade transnacional cabo-verdiana, as leitoras e leitores encontrarão os resultados de diferentes etnografias feitas tanto em Cabo Verde como nos países de destino da sua diáspora no sul da

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

“Vizinhu ta trocadu pratu ku kada casa”… Cuidar para evitar a fome em Brianda, Ilha de Santiago de Cabo Verde

Fernando Barbosa Rodrigues

Partindo do terreno etnográfico – interior da ilha de Santiago de Cabo Verde – e com base na observação participante e em testemunhos das habitantes locais de Brianda, este artigo é uma contribuição para poder interpretar as estratégias

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

“Eu já aguentei muita gente nessa vida”: sobre cuidados, gênero e geração em famílias cabo-verdianas

Andréa Lobo and André Omisilê Justino

Este artigo reflete sobre a categoria cuidado quando atravessada pelas dinâmicas de gênero e geração na sociedade cabo-verdiana. O ato de cuidar é de fundamental importância para as dinâmicas familiares nesta sociedade que é marcada por

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

Cadeias globais de cuidados nas migrações cabo-verdianas: mulheres que ficam para outras poderem migrar

Luzia Oca González and Iria Vázquez Silva

Este artigo toma como base o trabalho de campo realizado com mulheres de quatro gerações, pertencentes a cinco famílias residentes na localidade de Burela (Galiza) e aos seus grupos domésticos originários da ilha de Santiago. Apresentamos três

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

The difficult balance between work and life: care arrangements in three generations of Cape Verdean migrants

Keina Espiñeira González, Belén Fernández-Suárez and Antía Pérez-Caramés

The reconciliation of the personal, work and family spheres of migrants is an emerging issue in migration studies, with concepts such as the transnational family and global care chains. In this contribution we analyse the strategies deployed by

[+]


Debate

Estrangeiros universais: a “viragem ontológica” considerada de uma perspetiva fenomenológica

Filipe Verde

Este artigo questiona a consistência, razoabilidade e fecundidade das propostas metodológicas e conceção de conhecimento antropológico da “viragem ontológica” em antropologia. Tomando como ponto de partida o livro-manifesto produzido por

[+]


Debate

Universos estrangeiros: ainda a polêmica virada ontológica na antropologia

Rogério Brittes W. Pires

O artigo “Estrangeiros universais”, de Filipe Verde, apresenta uma crítica ao que chama de “viragem ontológica” na antropologia, tomando o livro The Ontological Turn, de Holbraad e Pedersen (2017), como ponto de partida (2025a: 252).1 O

[+]


Debate

Resposta a Rogério Pires

Filipe Verde

Se há evidência que a antropologia sempre reconheceu é a de que o meio em que somos inculturados molda de forma decisiva a nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. Isso é assim para a própria antropologia e, portanto, ser antropólogo é

[+]


Debate

Da ontologia da fenomenologia na antropologia: ensaio de resposta

Rogério Brittes W. Pires

Um erro do construtivismo clássico é postular que verdades alheias seriam construídas socialmente, mas as do próprio enunciador não. Que minha visão de mundo, do fazer antropológico e da ciência sejam moldadas por meu ambiente – em

[+]

Nota sobre a capa

Nota sobre a capa

Pedro Calapez

© Pedro Calapez. 2023. (Pormenor) Díptico B; Técnica e Suporte: Acrílico sobre tela colada em MDF e estrutura em madeira. Dimensões: 192 x 120 x 4 cm. Imagem gentilmente cedidas pelo autor. Créditos fotográficos: MPPC / Pedro

[+]

Vol. 28 (3)
2024



Artigos

Conveniências contingenciais: a antecipação como prática temporal dos inspetores do SEF na fronteira aeroportuária portuguesa

Mafalda Carapeto

Este artigo surge no seguimento do trabalho etnográfico realizado num aeroporto em Portugal, onde de junho de 2021 a abril de 2022 acompanhei nos vários grupos e turnos o quotidiano dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). A

[+]


Artigos

Cotidiano e trajetórias vitais situadas de mulheres idosas (AMBA, província de Buenos Aires, Argentina): a incidência da pandemia de Covid-19

Ana Silvia Valero, María Gabriela Morgante y Julián Cueto

Este trabalho pretende dar conta das interseções entre diferentes aspetos da vida quotidiana e das trajetórias de vida das pessoas idosas num espaço de bairro e a incidência da pandemia de Covid-19. Baseia-se no desenvolvimento sustentado,

[+]


Artigos

As reconfigurações do culture jamming no ambiente digital: o caso dos memes anticonsumismo na campanha #antiblackfriday (Brasil)

Liliane Moreira Ramos

Neste artigo discuto as reconfigurações do fenômeno chamado de culture jamming, característico da dimensão comunicativa do consumo político, a partir da apropriação de memes da Internet como uma ferramenta de crítica ao consumo. Com base na

[+]


Artigos

Informal economies in Bairro Alto (Lisbon): the nocturnal tourist city explained through a street dealer’s life story

Jordi Nofre

The historical neighbourhood of Bairro Alto is the city’s most iconic nightlife destination, especially for tourists visiting Lisbon (Portugal). The expansion of commercial nightlife in this area has been accompanied by the increasing presence of

[+]


Artigos

A pame theory of force: the case of the xi'iui of the Sierra Gorda of Querétaro, Mexico

Imelda Aguirre Mendoza

This text analyzes the term of force (mana’ap) as a native concept formulated by the pames (xi’iui) of the Sierra Gorda de Querétaro. This is related to aspects such as blood, food, cold, hot, air and their effects on the body. It is observed

[+]


Artigos

Convergences and bifurcations in the biographies and autobiographies of indigenous intellectuals from Mexico and Brazil

Mariana da Costa Aguiar Petroni e Gabriel K. Kruell

In this article we present an exercise of reflection on the challenges involved in writing and studying the biographies and autobiographies of indigenous intellectuals in different geographical, historical and political scenarios: Mexico and Brazil,

[+]


Artigos

A história através do sacrifício e da predação: território existencial tikmũ,ũn nas encruzilhadas coloniais entre os estados brasileiros de Minas Gerais e Bahia

Douglas Ferreira Gadelha Campelo

[+]


Artigos

“Pra virar gente”: a imitação afetuosa nas relações das crianças Capuxu com seus bichos

Emilene Leite de Sousa e Antonella Maria Imperatriz Tassinari

Este artigo analisa as experiências das crianças Capuxu com os animais de seu convívio diário, buscando compreender como as relações das crianças com estas espécies companheiras atravessam o tecido social Capuxu conformando o sistema

[+]


Artigos

Laboratórios de ciências biológicas como práticas: uma leitura etnográfica da anatomia vegetal em uma universidade da caatinga (Bahia, Brasil)

Elizeu Pinheiro da Cruz e Iara Maria de Almeida Souza

Ancorado em anotações elaboradas em uma etnografia multiespécie, este texto formula uma leitura de laboratórios de ciências biológicas como práticas situantes de atores humanos e não humanos. Para isso, os autores trazem à baila plantas

[+]


Interdisciplinaridades

Mapas sensíveis nos territórios abandonados de estações férreas na fronteira Brasil-Uruguai

Vanessa Forneck e Eduardo Rocha

Esta pesquisa cartografa e investiga os territórios criados em decorrência do abandono das estações férreas, acentuado a partir dos anos 1980, nas cidades gêmeas de Jaguarão-Rio Branco e Santana do Livramento-Rivera, na fronteira

[+]


Multimodal Alt

Uma etnografia gráfica como forma de afeto e de memória: aflições, espíritos, e processos de cura nas igrejas Zione em Maputo

Giulia Cavallo

Em 2016, três anos depois de ter concluído o doutoramento, embarquei numa primeira tentativa de traduzir a minha pesquisa etnográfica, em Maputo entre igrejas Zione, para uma linguagem gráfica. Através de uma série de ilustrações

[+]


Recursividades

Desanthropic ethnography: between apocryphal stories of water, deep dichotomies and liquid dwellings

Alejandro Vázquez Estrada e Eva Fernández

In this text we address the possibility of deconstructing the relationships – that have water as a resource available to humans – that have ordered some dichotomies such as anthropos-nature, establishing that there are methodologies, theories

[+]


Argumento

A Antropologia da Arte, a Antropologia – história, dilemas, possibilidades

Filipe Verde

Neste ensaio procuro primeiro identificar as razões do lugar marginal que a arte desde sempre ocupou no pensamento antropológico, sugerindo que elas são a influência da conceção estética de arte e da metafísica que suportou o projeto das

[+]


Recensões

Um jovem caçador de lixo na Mafalala, nas décadas de 1960 e 1970

Diogo Ramada Curto

Celso Mussane (1957-) é um pastor evangélico moçambicano. Licenciou-se na Suécia (1994) e tirou o curso superior de Teologia Bíblica na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Londrina no Brasil (2018). Entre 2019 e 2020, publicou

[+]


Recensões

Alberto Corsín Jiménez y Adolfo Estalella, Free Culture and the City: Hackers, Commoners, and Neighbors in Madrid, 1997-2017

Francisco Martínez

Este libro tiene tres dimensiones analíticas: primero, es una etnografía del movimiento de cultura libre en Madrid. Segundo, es un estudio histórico sobre la traducción de lo digital a lo urbano, favoreciendo una nueva manera de posicionarse en

[+]

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica

Antropologia urgente

Arqueologias Indígenas, territórios e direitos humanos: diálogos entre representantes Tupi Guarani, Tuxá e Eastern Pequot

Yacunã Tuxá, Natasha Gambrell, Luã Apyká, Blaire Morseau, Stephen W. Silliman, Daniela Balanzátegui, Marianne Sallum

21.05.2024

decolonization, Indigenous futurism, art, Indigenous language, collaborative achaeology.

In recent decades, a global solidarity movement among various Indigenous peoples, Afro-descendants, and traditional communities has grown, united to defend and preserve their territories and linguistic diversity. Joining the international community to create safe spaces for dialogue, we present the contributions of three active Indigenous colleagues in education: Yacunã Tuxá (Rodelas, Bahia), Luã Apyká (Tupi Guarani, São Paulo), and Natasha Gambrell (Eastern Pequot, Connecticut), along with Indigenous and non-Indigenous academics from Brazil, United States and Ecuador. The conversations took place at the International Seminar “Indigenous and Afro-descendant Peoples in the Americas: Collaboration, Archaeology, Repatriation, and Cultural Heritage”, with central objectives to 1) create pathways to increase Indigenous presence in universities with direct involvement in constructing their narratives; 2) align academic research with community demands; 3) develop multilingual educational materials; and 4) use art as a tool for resistance and healing. The discussion emphasized how collaboration between archaeology and communities can positively impact the survival stories of Indigenous peoples.

DOI: https://doi.org/10.25660/AGORA0015.E1YP-MV02

descolonização, futurismo Indígena, arte, língua Indígena, arqueologia colaborativa.

Nas últimas décadas cresceu um movimento global de solidariedade entre vários povos Indígenas, Afrodescendentes e comunidades tradicionais, unidos para defender e preservar territórios, diversidade cultural e linguística. Integrando-se na comunidade internacional para criar espaços seguros de diálogo, apresentamos as contribuições de três colegas Indígenas atuantes em educação: Yacunã Tuxá (Rodelas, Bahia), Luã Apyká (Tupi Guarani, São Paulo) e Natasha Gambrell (Eastern Pequot, Connecticut) e de acadêmicos Indígenas e não-Indígenas do Brasil e Estados Unidos. As conversas aconteceram no Seminário Internacional “Povos Indígenas e Afrodescendentes nas Américas: Colaboração, Arqueologia, Repatriação e Patrimônio Cultural”, na temática “Arqueologias Indígenas, Território e Direitos Humanos”, com objetivos centrais para 1) criar caminhos para aumentar a presença Indígena nas universidades com envolvimento direto na construção de suas próprias narrativas; 2) alinhar a pesquisa acadêmica com as demandas da comunidade; 3) desenvolver materiais educacionais multilíngues; e 4) usar a arte como ferramenta de resistência e cura. A conversa enfatizou como a colaboração entre arqueologia e comunidades pode afetar positivamente as histórias de sobrevivência dos povos Indígenas.

descolonización, futurismo Indígena, arte, lengua Indígena, arqueología colaborativa.

En las últimas décadas, ha crecido un movimiento global de solidaridad entre varios pueblos Indígenas, afrodescendientes y comunidades tradicionales, unidos para defender y preservar territorios, diversidad cultural y lingüística. Integrándose a la comunidad internacional para crear espacios seguros de diálogo, presentamos las contribuciones de tres colegas Indígenas activos en educación: Yacunã Tuxá (Rodelas), Luã Apyká (Tupi Guarani) y Natasha Gambrell (Eastern Pequot), y de académicos Indígenas y no-Indígenas de Brasil, Estados Unidos y Ecuador. Las conversaciones tuvieron lugar en el Seminario Internacional “Pueblos Indígenas y Afrodescendientes en las Américas: Colaboración, Arqueología, Repatriación y Patrimonio Cultural”, en la temática “Arqueologías Indígenas, Territorio y Derechos Humanos”, con objetivos centrales para 1) crear caminos para aumentar la presencia Indígena en las universidades con involucramiento directo en la construcción de sus propias narrativas; 2) alinear la investigación académica con las demandas de la comunidad; 3) desarrollar materiales educativos multilingües; y 4) usar el arte como herramienta de resistencia y sanación. La conversación enfatizó en cómo la colaboración entre la arqueología y comunidades puede impactar positivamente las historias de supervivencia de los pueblos Indígenas.

décolonisation, futurisme indigène, art, langue indigène, archéologie collaborative.
Au cours des dernières décennies, un mouvement mondial de solidarité s'est développé entre divers peuples indigènes, afro-descendants et communautés traditionnelles, unis pour défendre et préserver les territoires et la diversité culturelle et linguistique. Rejoignant la communauté internationale pour créer des espaces de dialogue sûrs, nous présentons les contributions de trois collègues autochtones travaillant dans le domaine de l'éducation : Yacunã Tuxá (Rodelas, Bahia), Luã Apyká (Tupi Guarani, São Paulo) et Natasha Gambrell (Eastern Pequot, Connecticut), ainsi que d'universitaires autochtones et non autochtones du Brésil et des États-Unis. Les discussions ont eu lieu dans le cadre du séminaire international "Peuples autochtones et afro-descendants dans les Amériques : Collaboration, archéologie, rapatriement et patrimoine culturel", sur le thème “Archéologies autochtones, territoire et droits de l'homme”, avec pour objectifs centraux de 1) créer des moyens d'accroître la présence autochtone dans les universités avec une implication directe dans la construction de leurs propres récits ; 2) aligner la recherche universitaire sur les demandes des communautés ; 3) développer du matériel éducatif multilingue ; et 4) utiliser l'art comme un outil de résistance et de guérison. L'exposé a mis l'accent sur la manière dont la collaboration entre l'archéologie et les communautés peut avoir une incidence positive sur les récits de survie des peuples indigènes.
A secção Antropologia Urgente consiste em artigos em jeito de ensaio curto sobre temáticas prementes no duplo âmbito de uma antropologia da urgência e de uma antropologia dos afectos, mas igualmente que marquem agendas públicas ou que exploram realidades e fenómenos invisibilizados.

A Etnográfica acolhe no seu espaço digital AGORA, na secção Antropologia Urgente, um conjunto de peças multimodais criadas em torno de quatro painéis/webinários realizados em 2023-2024 sob o tema genérico “Povos Indígenas e Afrodescendentes nas Américas: Colaboração, Arqueologia, Repatriação e Patrimônio Cultural”. Estamos perante um tema premente a vários níveis: político, epistemológico e ético, que tem vindo a ocupar o espaço mediático e de pensamento um pouco por todo o Mundo, mas, mais em particular, o das geografias e sociedades que pontuam a história do colonialismo e da pós-colonialidade. Serão, portanto, quatro painéis a publicar sobre quatro temáticas específicas: Arqueologias Indígenas, Territórios e Direitos Humanos; Construindo Redes Afetivas Afro-Indígenas: Mulheres, Educação e Ativismo na América Latina; Genealogias Visuais; e Ecologias de Sustentabilidade. Parece-nos muito importante este espaço de sonorização e visibilização de discursos, narrativas e perspectivas indígenas e afrodescendentes num momento especialmente crítico de um processo histórico em curso e que ainda muito tem para contar. Creio que ao publicarmos estas quatro peças estamos a cumprir um dos objectivos a que nos propusemos na Revista, e que denominei há pouco tempo de “responsabilidade editorial em assegurar uma justa diversidade epistemológica”, porque as formas de viver a vida (a História) são diferentes e desiguais, bem como as formas de as contar. A Etnográfica tem assegurado ao longo da sua vida editorial essa representação. Temos conhecido muito e mais Mundo. E também esses mundos experienciais e representacionais que estas quatro peças agora nos trazem. No entanto, com esta proposta editorial damos um passo em frente, assegurando autorias e autoridades indígenas e afrodescendentes académicas e não académicas no processo de (se) contarem (n)a sua história.

Humberto Martins, Director Etnográfica
Renata Sá Gonçalves, Editora Antropologia Urgente







“Ao conversar com outros povos Indígenas de diferentes regiões, percebo quão diversificada é nossa existência e quantos pontos de conexão compartilhamos.”
Yacunã Tuxá

“Toda oportunidade para os povos Indígenas se reunirem e compartilharem suas histórias é lindo, já que por muito tempo não tivemos voz...
Muitas dessas fronteiras foram definidas por colonizadores, e mesmo que não estivéssemos geograficamente próximos no passado, talvez pudéssemos ter tido algum contato.”
Natasha Gambrell

“Acredito que existe um movimento histórico forte para transbordar os territórios, e sinto uma energia muito poderosa quando ouço essa ideia sendo compartilhada.”
Luã Apyká



Introdução

Daniela Balanzátegui e Marianne Sallum

“Arqueologias Indígenas, Territórios e Direitos Humanos” foi o primeiro painel de quatro encontros do Seminário Internacional “Povos Indígenas e Afrodescendentes nas Américas: Colaboração, Arqueologia, Repatriação e Patrimônio Cultural” (2023, 2024). É uma colaboração interinstitucional entre o laboratório Interdisciplinar de Pesquisas em Evolução, Cultura e Meio Ambiente (LEVOC/MAE-Universidade de São Paulo) e os laboratórios Latin American Historical Archaeology and New England Indigenous Archaeology (Departamento de Antropologia, Universidade de Massachusetts Boston). O painel coincidiu com o Dia dos Povos Indígenas no Brasil (19 de abril de 2023), data para refletir sobre alternativas realistas sobre plenos direitos civis aos povos Indígenas, Quilombolas, Afrodescendentes e comunidades de saberes tradicionais. Nas últimas décadas, cresce o movimento de solidariedade global, com vários povos unidos para defender e preservar seus territórios, tratar da justiça racial e climática, mantendo a diversidade linguística e cultural. Nas palavras do ativista indígena equatoriano Leo Cerda (2022), cofundador do Movimento de Liberação Indígena e Afrodescendente:

“Nós estamos na linha de frente da luta contra as mudanças climáticas – nossos corpos, nosso povo. E precisamos que nossos sistemas mudem para que possamos estar na vanguarda dos processos de tomada de decisão que afetam nossos ecossistemas. Se não houver equidade e justiça para nosso povo, não conseguiremos nada.”

Integrando a comunidade internacional que luta por espaços seguros de solidariedade para todos os povos, este artigo apresenta as contribuições de três colegas Indígenas, Yacunã Tuxá (Rodelas, Bahia), Luã Apyká (Tabaçu Rekoypy, Tupi Guarani, São Paulo), Natasha Gambrell (Eastern Pequot, Connecticut) e acadêmicos Indígenas e não-Indígenas do Brasil, Estados Unidos e Equador. Apesar de estarem geograficamente distantes (figura 1), estão historicamente unidos na luta contra o apagamento e o colonialismo, articulando intencionalmente práticas e identidades “relacionadas com novas economias, políticas e realidades sociais […] que efetivamente unem o passado e o presente em uma trajetória dinâmica e inquebrável” (Panich et al. 2018: 11-12).


Figura 1 – Localização dos territórios Indígenas Eastern Pequot, Tuxá e Tupi Guarani




A conversa foi mediada por Blaire Morseau, membro da comunidade da Banda Pokagon dos Índios Potawatomi (Michigan, EUA). Morseau é antropóloga e artista dedicada a conquistar espaços de representação Indígena nas narrativas contemporâneas, centrando-se em temas de ficção científica, futurismo Indígena, meio ambiente/ecologia e reivindicações territoriais. Explora a criação de visões de futuros alternativos, usando o conhecimento tradicional Indígena dos Grandes Lagos e as narrativas Potawatomi (Morseau 2023). O painel foi organizado por duas pesquisadoras latino-americanas, Marianne Sallum, que estuda a persistência das comunidades cultivadoras da floresta e produtoras de cerâmica em São Paulo (Brasil), especialmente as mulheres (Sallum e Noelli 2021; Noelli et al. 2023); e Daniela Balanzátegui, que trabalha com uma abordagem de arqueologia comunitária com mulheres Cimarronas para revitalizar e apoiar o reconhecimento do patrimônio Afroequatoriano (Balanzátegui 2021); e Stephen W. Silliman, que também fez observações finais ao painel. Ele realizou pesquisas arqueológicas colaborativas com os Eastern Pequot (Connecticut, EUA) por mais de duas décadas (Silliman 2008), contribuindo para as demandas da comunidade pelo reconhecimento de sua identidade em âmbito federal. Astolfo Araujo também apoiou a organização deste painel como coordenador do LEVOC. Ele investiga a ocupação do Sudeste brasileiro pelos primeiros grupos humanos que chegaram às Américas.

Reconhecemos e homenageamos às terras: 1) dos povos Massachusett, onde a Universidade de Massachusetts-Boston está localizada, e às comunidades vizinhas Nipmuc e Wampanoag; 2) dos povos Tupi, Tupiniquim e Kaingang, onde a Universidade de São Paulo está situada.

O texto apresenta um debate crítico que deve ser considerado nas arqueologias Indígenas e da Diáspora Africana, especialmente sobre o reconhecimento de territórios, da diversidade cultural e metodologias possíveis para a descolonização da disciplina. É resultado de nossa profunda solidariedade com os movimentos Indígenas e afrodescendentes nas Américas, refletindo a urgência em construir pesquisas que dialoguem efetivamente com a diversidade dos conhecimentos e produzam resultados práticos em benefício das comunidades. O objetivo deste seminário é construir redes de colaboração e plataformas de diálogos colaborativos com representantes de diversas organizações e lugares, dedicadas ao fortalecimento das comunidades em suas diferentes demandas, especialmente na busca de articulações em prol do reconhecimento público e do apoio político para proteger e manter viva suas heranças ancestrais.

Além das conversas realizadas como mesas-redondas, a série inaugurou um site com a participação comunitária para abordar temas de interesse comum e promover parcerias com grupos de pesquisa de diferentes áreas. Essas comunidades estão conectadas em nível nacional, com algumas tendo alcance internacional. Esperamos criar e fortalecer uma plataforma trilíngue para delinear conhecimentos, práticas e demandas nas Américas e na África e suas histórias de persistência e cooperação (Timbaye 2005; Santos 2020).

O trabalho acadêmico, ativista e comunitário de Gambrell, Tuxá e Apiká baseia-se na sobrevivência e na manutenção/transmissão da sabedoria Indígena, articulando práticas artísticas, poéticas e literárias na busca constante por espaços que apoiem as lutas por direitos humanos, territoriais e linguísticos (e.g. Apyká 2014; Sebastian Dring et al. 2019; Tuxá 2022). Essa linha de atuação destaca a necessidade da academia de encontrar novos caminhos e “alianças afetivas” mais profundas (Krenak 2016), atendendo aos interesses das comunidades de saberes tradicionais (Sallum 2023).

Essa troca de experiências pretende integrar os movimentos de renovação temática e a agenda para promover o diálogo efetivo entre diferentes centros de conhecimento. A proposta ecoa Silvia Cusicanqui (2017: 224) sobre a descolonização das universidades, começando quando os produtores de conhecimento e seus interlocutores discutirem “em pé de igualdade a partir de diferentes centros de pensamento”, já que não há discurso de descolonização, nem teoria de descolonização, sem uma prática de descolonização. Para Célia Xakriabá (2020), a universidade enfrenta um desafio: “não basta reconhecer os conhecimentos tradicionais, é necessário reconhecer com os conhecedores”.



Natasha Gambrell (NG)

Natasha é a tataraneta de John Randall e Abby Fagins. Filha de Valerie Gambrell, a atual conselheira de seu povo. Natasha dança a Eastern Blanket, Jingle e Northern Traditional desde os oito anos em vários powwows. Aos 16 anos, foi Miss Eastern Pequot e tem participado ativamente na escola de arqueologia colaborativa Eastern Pequot com a UMass Boston desde 2008. Natasha representou a sua comunidade em várias escolas locais e faculdades. Em 2015, se graduou em Letras na Eastern Connecticut State University e atualmente é professora de Língua Inglesa do 10º ano em Bridgeport, Connecticut. Em 2017, foi eleita conselheira Eastern Pequot do Conselho Tribal, ao lado de sua mãe e irmão, e tem sido reeleita até hoje. Esta é uma de suas maiores realizações, e sua paixão é representar sua comunidade, contar sua história e ajudar a próxima geração.

Luã Apyká (LA)

É um ser da floresta, curioso sobre a vida e os ensinamentos dos anciãos de seu povo. Luã dialoga com os espíritos sonoros para mudar a realidade com a arte da eloquência. É professor indígena Tupi Guarani da comunidade Tabaçu Rekoypy de Peruíbe, São Paulo, na costa de Pindoretã. Também é artista, escritor, ativista, contador de histórias e diretor audiovisual no coletivo SOPRO, mestre nos encontros Tupi Guarani (NHE’Ē Porã), membro do Fórum de Articulação dos Professores Indígenas de São Paulo, Núcleo de Educação Indígena e membro executivo nacional da Década Internacional das Línguas Indígenas.

Yacunã Tuxá (YT)

É ativista/artista (ilustradora/pintora) e pesquisadora do povo Tuxá de Rodelas, Bahia. Estuda Letras Vernaculares/Espanhol na Universidade Federal da Bahia. Sua arte ressalta a pluralidade e a resistência das mulheres Indígenas, focada em temas como raça, gênero, sexualidade e política. Seu trabalho foi exposto em importantes instituições brasileiras de arte, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Museu de Arte do Rio e Museu Nacional da República.


Figura 2 –  Mapa da reserva Eastern Pequot, Connecticut (EUA)




YT:
 O povo Tuxá, ao qual pertenço, foi profundamente afetado no final da década de 1980 pela construção da barragem de Itaparica que inundou parte do nosso território tradicional.  Ainda hoje lutamos pela demarcação desse território, essencial para nossa sobrevivência. Embora a barragem seja vista pelos não-Indígenas como um símbolo de progresso, para nós teve um impacto devastador na organização social e afetou profundamente a vitalidade do nosso rio (figura 3). Em nossa comunidade, a educação e a escola são essenciais para ensinar às crianças a importância de desenvolver formas de resistência, com um papel central para as mulheres. A arte e a universidade são ferramentas poderosas para defender meu território, construir pontes, compartilhar informações, discutir nossas causas e nos organizar politicamente.


Figura 3 – Mapa do território de Tuxá (1984 e 2023), Bahia (Brasil)



LA: 
Quero expressar minha gratidão por este encontro muito poderoso. Cada sopro de vida gera outros sopros e esses encontros e diálogos nos permitem desconstruir e reconstruir os sagrados laços que nos fortalecem. O dia dos Povos Indígenas no Brasil nos lembra das diversas cosmologias e percepções de tempo, mas não podemos falar de invasões territoriais apenas no contexto da terra física; devemos considerar a invasão de nosso território espiritual, corporal e da retomada pelo bem falar e ouvir. Para o povo Tupi Guarani e muitas outras etnias, a luta pela demarcação de terras e o respeito às cosmovisões são centrais (figura 4). Utilizamos diversas estratégias para fortalecer nosso povo, o Teko porã e o Ñande rekó representam a nossa filosofia de vida e temos desenvolvido várias oficinas e produção audiovisual para preservar nossa cultura, centradas nas maneiras ancestrais de aprender e ensinar.


Figura 4 – Mapa das comunidades Tupi Guarani de São Paulo (Brasil)



BM: Quais são os principais desafios que você ou sua comunidade enfrentaram no reconhecimento territorial, língua e herança cultural?

NG: Para contar a história do povo Eastern Pequot, devemos considerar os eventos que ocorreram no século XVII, especialmente a Guerra dos Pequot de 1636-1637. Foi neste período que nossa comunidade foi quase aniquilada pelos ingleses que se estabeleceram em nossas terras nas duas décadas anteriores. Fomos proibidos de falar nossa antiga língua e de retornar à nossa terra ancestral. Nossa cultura foi considerada ilegal, e muitos de nós foram vendidos como pessoas escravizadas. Esse período marcou o nosso primeiro genocídio. Após a guerra, os Eastern Pequot retornaram às nossas terras transformadas em reserva em 1683 pelos ingleses antes de os Estados Unidos se tornarem um país. Ainda lutamos incansavelmente para preservar nossa identidade, e a arqueologia tem sido uma aliada poderosa nesse processo. Mesmo quando o reconhecimento federal foi revogado, nos unimos e fizemos o nosso melhor para garantir nossa sobrevivência e visibilidade, pois a nossa história e presença nos EUA foram ignoradas, apagadas e fomos silenciados. Por isso, reafirmamos continuamente a nossa existência para todos saberem que estamos aqui, mesmo quando fazem parecer que não estamos.

YT: No Brasil, o povo Tuxá também enfrenta séculos de violência com apagamento, silenciamento, perseguições, catequização brutal e abandono forçado da língua e territórios invadidos. A colonização continua, somos constantemente discriminados e sofremos racismo, pressionados a renunciar à nossa identidade, existência e modo de pensar. É difícil compreender que hoje precisamos provar nossa existência e ancestralidade (figura 5), como no caso do Marco Temporal. Raramente se fala do racismo no Brasil sob a perspectiva Indígena, algo que debato com outros artistas Indígenas enquanto principal entrave para garantir os nossos direitos. Muitas pessoas desconhecem nossa diversidade e nos violentam pelo capitalismo, como se fôssemos inimigos do progresso. Porém essa ideia de progresso não sustenta o futuro. Meu povo tem se engajado em várias formas de resistência, como a criação de uma escola em nossa comunidade, sendo a base de nossa organização política. Nela, nos unimos e fortalecemos, revitalizamos nossa língua e criamos um currículo com nossos conhecimentos tradicionais. Na universidade, muitas vezes encontro um discurso que coloca o conhecimento científico como superior à diversidade dos conhecimentos no mundo. No entanto, minha comunidade ensina que nosso conhecimento e origem são fundamentais em nossa luta para um mundo que abrigue muitos mundos e cosmovisões.


Figura 5 – Sem título, Yacunã Tuxá



LY: 
No passado, não havia necessidade de delimitar fronteiras territoriais porque entendíamos que o território era compartilhado por todos e por tudo que nele habita: os animais, plantas e espíritos, que dialogam entre si. Um território pluriverso! Como seres da floresta, o território faz parte do mundo espiritual Tupi Guarani, mas hoje precisamos estabelecer fronteiras para garantir a preservação da floresta. Nossa terra representa a última floresta de restinga (hábitats herbáceos/arbustivos em dunas costeiras) entre muitos territórios na costa de São Paulo. Assim, além de ser um território muito cobiçado por muitos seres, é também um território muito poderoso, com muitos seres pedra. Isso explica o interesse das empresas mineradoras, que não apenas afetaram este lugar, mas também nos afetaram profundamente. A língua Tupi-Guarani foi usada para colonizar territórios, sendo que a primeira gramática escrita foi criada por jesuítas.

Eram faladas mais de 1.500 línguas no Brasil, antes dos europeus, embora alguns estudos digam que o número seria maior, assim hoje existem aproximadamente 270 línguas. A proibição das línguas Indígenas foi uma estratégia colonialista muito poderosa, mas resistimos e hoje lutamos incansavelmente para preservar nossas línguas.

BM: Como você prevê que as estratégias que empregou para reviver, proteger e defender seu patrimônio promoverão um futuro melhor para sua comunidade, seu país e nossa humanidade?

YT: Eu sou uma mulher Indígena LGBTQIA+ e isso diz muito sobre minha presença, fala, arte e como chego nos espaços e contextos. Desde a adolescência acompanhei as lideranças do meu povo, viajando para atividades políticas e ativismo social. Desde cedo, senti a importância de estar em coletividade e lutar pelos direitos da minha comunidade (figuras 6 e 7). Isso também me fez compreender a importância de visitar Brasília, vivenciar na capital do país como o Estado brasileiro trata as pautas Indígenas. O país está saindo de quatro anos de um governo abertamente genocida, violento, homofóbico e ameaça à nossa própria existência. Desde 2019, articulo diferentes linguagens criativas para lidar com a complexidade de ser quem eu sou, pensar um futuro, um devir, partindo da minha cosmovisão, do meu entendimento do mundo enraizado na identidade Tuxá. Me expresso pela escrita, pintura e colagens e compartilho minhas ilustrações nas redes sociais para ter canais de diálogo com meus parentes Indígenas e toda a sociedade brasileira. Minha arte tem urgência e propõe um devir cuja beleza reside em mostrar um futuro ancestral que abraça a diversidade e a pluralidade. Esses conhecimentos pertencem aos povos Indígenas e da Diáspora Africana. Agora temos de assumir o controle de nossa narrativa, compartilhar nossas histórias, expressar nossa dor e, especialmente, falar sobre nossos saberes. Temos muito a contribuir com um devir, reconhecendo que a Terra é única, a natureza é uma, e que o que construo e faço ressoa em todos e em todos os lugares.


Figura 6 – “O nosso amor é resistência”, Yacunã Tuxá




LA:
Não é possível separar o passado do futuro. Falar sobre memória é falar sobre o futuro e resistência. Assim fortalecemos nossa herança cultural, espiritual e as conexões com nosso Ñande rekó – modo sagrado de ser. Vivemos em um mundo globalizado, capitalista e com religiões que advogam para as cosmologias Indígenas perderem suas espiritualidades. Nosso objetivo principal é promover a valorização de nossa cultura, do que é nosso, pois nossos ancestrais nos confiaram a responsabilidade de proteger esse conhecimento. Nós, artistas do território, fazemos parte de um movimento para promover a cura, conscientes de que Pindoretã é um território Indígena e que partes dele estão adoecendo. Quando saímos de nosso território e comunidade, levamos nossas palavras, línguas, práticas alimentares e muitos seres. Esse território deve ser reconhecido como indígena para que o conhecimento exista. É necessário transformar a linguagem em um grande movimento territorial com múltiplas formas e estratégias de fortalecimento. Uma conversa sagrada ocorre em lugares com uma fogueira e pessoas conversando ao redor – há memória nesses lugares, onde trabalhamos em nosso presente e futuro, incorporando os ensinamentos da floresta, dos anciãos e das crianças, que são grandes mestres. Estamos em um momento decisivo, onde podemos discutir abertamente nossa espiritualidade e fazemos parte de um movimento para fortalecer e rocupar os lugares de fala. Qual é a diferença entre ouvir nossas próprias vozes ou ler um livro escrito por uma pessoa não-indígena?


Figura 7 – “Ah, eu amo as mulheres”, Yacunã Tuxá



NG:
 Quando penso no futuro, lembro constantemente do que me ensinaram sobre a necessidade de nos preocuparmos com as próximas sete gerações. Então as minhas ações são para garantir uma vida melhor para elas! Recentemente, demos passos nessa direção, promovendo uma lei em Connecticut que estabelece estudos Indígenas nas escolas. Foi o primeiro passo, pois sempre nos disseram que nossos ancestrais são os guardiões de nossa história e que as crianças são responsáveis por preservá-la para o futuro. Esperamos que a arqueologia permita que nossas crianças toquem os artefatos, pois eles foram segurados e tocados por seus antepassados. Assim, promovemos uma maior visibilidade de sua cultura. Escrevo poesia, uma ferramenta poderosa para contar nossa história, garantindo que elas perdurem. Anseio pelo dia em que finalmente descansaremos no futuro, após lutar séculos pela visibilidade e nossa identidade. Sonho com um futuro em que meus netos e os filhos dos meus sobrinhos não lutem por isso. Acredito que as pessoas precisam ser educadas para entender que os povos Indígenas ainda estão aqui, existem e resistem. Temos orgulho de tudo pelo qual estamos passando e não desistiremos, pois a luta está enraizada em nossa história desde o início dos tempos. Queremos um futuro no qual estudantes e crianças tenham orgulho da sua ancestralidade Indígena. Nossas vozes foram silenciadas por muito tempo. Ao olhar às próximas sete gerações, entendo a importância da educação para fortalecer a cultura, permitindo que as crianças compreendam sua própria história. Minha mãe costumava dizer que é difícil construir um futuro se você não conhece seu passado. O que eu espero para o futuro é que as próximas gerações não precisem passar por tudo que passamos e vivenciamos.

BM: Como a arqueologia pode colaborar no fortalecimento das comunidades Indígenas? Como vocês consideram a articulação de várias comunidades para somar forças e aprendizados contra o racismo e tentativas de tirar as suas terras?

NG: Eu costumo dizer a todos que a arqueologia salvou a minha vida! Quando eu era jovem e nossa comunidade perdeu o reconhecimento, fiquei arrasada e parecia que minha identidade tinha desaparecido. Diziam que não existíamos, algo inimaginável para mim. Foi então que meu envolvimento com a arqueologia começou. Eu encontrava artefatos que provavam o contrário, que provavam que sempre estivemos aqui e me davam esperança. Era algo concreto, que mostrava que meu povo sempre fez parte dessa terra, independentemente do que o governo dizia. Sempre estivemos aqui. Se eu seguro este artefato, é porque meus antepassados estavam aqui. Sou profundamente grata a Steve Silliman e a todos que nos ajudaram a realizar arqueologia na comunidade, e hoje há pessoas de nossa comunidade interessadas em tornar-se arqueóloga(o)s. Nesta parceria entre a universidade e a comunidade, ouvir o que os Indígenas têm a dizer é crucial. Se eles dizem algo, ouça porque é importante! É apenas uma questão de construir essa relação, já que muitos Indígenas não confiam nos pesquisadores, então leva tempo para construir essa parceria. No entanto, ser honesto e genuíno e ouvir a comunidade é a coisa mais importante. Eu confio no Steve, pelo relacionamento respeitoso que ele estabeleceu conosco.

YT:  Gostei muito do que falou a parente Natasha. Lembrou-me um trabalho que comecei, centrado no diálogo com nosso território, especialmente com as águas do rio. O projeto se chama “A Memória de Nós na Voz dos Rios”, feito para entender o que nosso território preserva em termos de memória – e isso passa pelo material, sendo comum encontrarmos objetos que são evidências claras de nossa presença ancestral ali. Então, nossa comunidade tem trabalhado nisso, utilizando algumas tecnologias em nosso favor. Estamos realizando mapeamentos com o auxílio do GPS, marcando pontos sempre que encontramos algum objeto relevante. No entanto, embora eu entenda a importância da arqueologia e de algumas políticas, percebo que alguns relatórios e mapas ainda demoram para serem feitos. Nesse contexto, acho que a arqueologia é uma aliada.

LY:  Tenho uma opinião diferente sobre a arqueologia, mas também acho que as ações da(o)s arqueóloga(o)s podem mudar a visão de alguém. Sou cuidadoso em relação a tudo o que diz respeito ao contato com os territórios, respeitando a forma como nossos ancestrais o deixaram, suas intenções e espiritualidade. Esta é uma discussão crítica que envolve a sensibilidade de muitos seres (indivíduos), e espero que essa sensibilidade se estenda à arqueologia, que ainda está se descolonizando e muitos padrões educacionais são eurocêntricos. A linguística, minha área de pesquisa, carrega muitos padrões que dificultam a compreensão da minha própria língua, fazendo-me dizer: “Ei, eu não vejo minha língua exatamente assim, esta tem o espírito da língua de outras pessoas”. A arqueologia também precisa descolonizar o conceito de memória e fico feliz ao ver muitos Indígenas nesse movimento de descolonização dentro do território. Sinto que muitos seres (indivíduos) buscam fortalecer e respeitar o território, a memória de nosso povo e, especialmente, o futuro de como essa memória será tratada. É importante lembrar que a memória fortalece não apenas o corpo, mas a oralidade em si e isso desmaterializa o movimento da memória, transformando-a em algo presente em todos e em tudo à nossa volta.




Comentários da moderadora
Blaire Morseau


Agora enfrentamos questões críticas sobre os atos de nível estadual, federal e nacional que visam fazer com que os povos Indígenas desapareçam. Devemos lidar diariamente com o duplo desafio que isso representa. A arqueologia, arqueóloga(o)s, antropóloga(o)s e pesquisadora(e)s podem desenvolver-se com comunidades Indígenas e colaborar a elas de maneiras que nos permitam começar a desfazer danos. A arte também desempenha um papel vital como forma de soberania visual para algumas comunidades, oferecendo ferramentas de resistência contra diferentes formas de opressão. Nossas responsabilidades se estendem aos nossos ancestrais e às gerações futuras - o que chamamos de futuros ancestrais. Além disso, como foi apresentado neste painel, devemos reconhecer nossa conexão com os espíritos de outros seres, não apenas com outros seres humanos. Finalmente, esta plataforma é uma maneira de conectar os povos Indígenas além das fronteiras coloniais dos colonizadores. Agradeço em minha língua, ktthë migwėtth, ndenwémagnêk.




Comentários finais
Stephen W. Silliman


Este foi um painel verdadeiramente inspirador, e honestamente, é muito difícil ser a pessoa que faz os comentários finais. Para começar, quero dizer obrigado, gracias, e kutapatush na língua Pequot da comunidade histórica de Natasha. Agradeço aos palestrantes por seus comentários brilhantes e inspiradores. Eu acho, se eu puder dizer, que foi um sucesso retumbante, e considero verdadeiramente uma honra ser convidado para encerrar este evento. Sinto-me honrado por me terem convidado, mas parte de mim não quer ser a palavra final como o acadêmico não indígena deste painel. Em muitos aspectos, quero apenas me referir a tudo o que já foi dito. Mas como me pediram, acrescentarei apenas alguns comentários que, espero, sejam aceitáveis, que situem essas conversas em contextos mais amplos e abordem algumas das questões atuais.


Como eles reconheceram, e como todos nós deveríamos também, os palestrantes são as vozes do passado, vozes do presente e, mais importante, vozes do futuro. O seminário representa a próxima onda desse tipo de trabalho, e estou animado para ver a liderança vinda de pessoas Indígenas, especialmente mulheres Indígenas e artistas Indígenas. O dia de hoje nos mostrou todas as maneiras como a cooperação e colaboração entre comunidades Indígenas e entre comunidades e a academia podem funcionar.


Conforme observado por várias pessoas, a mudança real só virá com a ação coletiva. O colonialismo criou seus danos por meio de processos de ação coletiva, genocídio, deslocamento e racismo, que vão desde as práticas diárias das pessoas comuns até as ações governamentais. Ele deve ser combatido e desvendado com a ação coletiva indígena. De fato, a arqueologia como disciplina e as políticas governamentais no Brasil e nos Estados Unidos mudaram graças a esse tipo de ativismo indígena. Além disso, esse tipo de conversa Indígena internacional, especialmente com a inclusão de pessoas da Diáspora Africana e o longo arco desta série de seminários, realmente abre caminho para diálogos e mudanças futuras.


Vários temas surgiram na conversa de hoje: racismo, educação, linguagem, terra, arte, história, espiritualidade, apenas para citar alguns. Os três palestrantes mostram que o caminho a seguir, como foi no passado, é através da luta e da valorização das vozes e culturas Indígenas. Parte da valorização é amplificar vozes, proteger corpos, incentivar a expressão artística, centrar a saúde e o bem-estar e reconhecer a história (Atalay 2019). Por outro lado, a luta continua sendo difícil e cansativa. Como mencionou Natasha, o objetivo é construir tempo para as gerações futuras talvez descansarem um pouco mais à medida que essas lutas diminuem com mais vitórias. O idioma é um bom exemplo, como mencionaram várias pessoas; é algo que deve ser mantido e restaurado após o colonialismo, e isso não é fácil.


Também ouvimos sobre o papel dos artistas e da arte, especialmente de Yacunã. Como muitos falaram, a educação é vital, mas também tem sido uma ferramenta de opressão. Portanto, ela precisa de mais descolonização para ser capaz de fazer parte do trabalho que todos esperamos que ela possa fazer (Atalay 2008). Os excelentes comentários de hoje enfatizaram como isso pode funcionar e como a educação pode ser concentrar em perspectivas Indígenas, em vez de apenas substituí-las ou tentar incluí-las superficialmente. Um dos meus momentos favoritos foi quando Luã observou que a memória é o futuro, e ela ajuda a construir o futuro… mas também que o futuro é ontem e está incorporado (ver Gould et al. 2020; Mrozowski e Gould 2019). Isso reuniu todas essas múltiplas temporalidades, experiências e incorporações de uma maneira particularmente indígena. Além disso, Luã observou coisas importantes e poderosas sobre o território – que significa terra, significa corpo e significa linguagem. Para mim, esse pensamento expandido aborda as questões fundamentais da soberania.


Ao falar sobre memória, quero mencionar brevemente a arqueologia, pois ela surgiu como um tema no painel e nas perguntas. Como arqueólogo, tive a honra de trabalhar com a Eastern Pequot Tribal Nation nos últimos 20 anos em um projeto de arqueologia e patrimônio, conforme referido por Natasha várias vezes (Sebastian Dring et al. 2019; Silliman e Sebastian Dring 2008). Este projeto me ensinou muito sobre direitos Indígenas, história da terra, comunidade, identidade e conhecimento indígena. Também foi um espaço para desenvolver uma colaboração profunda entre uma comunidade nativa e uma universidade, assim como entre arqueóloga(o)s e a comunidade do presente. Isso mostrou que, mesmo quando eu tinha dúvidas sobre minha própria disciplina, que tem raízes e práticas coloniais terríveis, ela pode realmente fazer o bem. Para fazer esse bem, tal trabalho precisa estar alinhado com as necessidades da comunidade indígena (por exemplo, Atalay 2012; Cipolla et al. 2019; Gonzalez et al. 2018). Natasha chamou isso hoje de salvador de vidas.


Sinceramente, não consigo pensar em nada mais profundo e humilde do que ouvir isso, porque tal resultado não acontece com muita frequência. A arqueologia pode fazer isso não apenas fazendo ciência, mas contando histórias: histórias de persistência e, como alguns povos Indígenas da América do Norte dizem, histórias de sobrevivência (Acebo 2021; Rubertone 2019; Silliman 2014; Vizenor 2008). Focar nas narrativas históricas alinha o projeto arqueológico mais amplo com algumas das formas fundamentais de compartilhamento indígena na educação - ou seja, por meio de histórias. Como Yacunã e Luã observaram, a arqueologia e a educação, assim como outras partes da academia, devem ser políticas. A academia deve ser descolonizada, deve dar em vez de receber, e deve reconhecer os medos e suspeitas bem fundamentados que algumas comunidades Indígenas têm da academia. Respondendo ao comentário de Luã sobre a universidade como um repositório, acredito que as universidades devem definitivamente se afastar desse papel e, em vez disso, focar em valorizar, cuidar, ter lealdade e respeitar. Isso é o que eu quero continuar incentivando na minha própria instituição aqui nos Estados Unidos. Como Natasha observou no painel, é preciso confiança, tempo e disposição para isso acontecer.




Agradecimentos

As autorias gostariam de agradecer aos editores da Etnográfica, especialmente Humberto Martins e Renata de Sá Gonçalves. Ping-Ann Addo e Simone Harmath-de Lemos (UMass-Boston); Danielle G. Samia, pelos mapas; Cleberson Moura (MAE-USP) pelo apoio técnico na transmissão do painel; Andrea Chavez e Valentina Romero (LHA-Lab, UMass-Boston) pelas edições, transcrições e feedback atencioso. Tânia Casimiro, Iris Moraes e Fabiana Leite pelos comentários no painel. Francisco Noelli pelas revisões e comentários perspicazes. MSallum: FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (2019/17868-0, 2021/09619-0, 2019/18664-9), FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito dos projetos UIDB/00698/2020 e UIDP/00698/2020.




Yacunã Tuxá (contatoyacuna@gmail.com) – Universidade Federal da Bahia, Brasil.
Natasha Gambrell (gambrelln@outlook.com) – Eastern Pequot Tribal Nation, North Stonington, Connecticut, Estados Unidos.
Luã Apiká (luanapyka27@gmail.com) –Universidade Estadual de Campinas, Brasil.
Blaire Morseau (morseaub@msu.edu) - University of Michigan, Estados Unidos.
Stephen W. Silliman (stephen.silliman@umb.edu) - University of Massachusetts-Boston, Estados Unidos. ORCID: 0000-0002-0157-8360.
Daniela Balanzátegui (Daniela.Balanzategui@umb.edu) – University of Massachusetts-Boston, Estados Unidos. ORCID: 0009-0005-3201-1251.
Marianne Sallum (marisallum@usp.br) – Universidade de São Paulo, Brasil; UNIARQ - Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa, Portugal. ORCID: 0000-0001-9210-2044. 


Referências

ACEBO, Nathan P, 2021, “Survivance storytelling in archaeology.” In Panich, L.M., Gonzales, S.L. (eds) The Routledge Handbook of the Archaeology of Indigenous-Colonial Interaction in the Americas, London: Routledge, 468-485.

APYKÁ, Luã Elísio, PACHECO, Dhevan, 2014, Folhas e raízes: resgatando a medicina tradicional Tupi Guarani. São Paulo: Comissão Pró-Índio de São Paulo. 

ATALAY, Sonya, 2008, “Pedagogy of decolonization: advancing archaeological practice through education.” In Silliman, S.W. (ed) Collaborating at the Trowel’s Edge: Teaching and Learning in Indigenous Archaeology, Tucson: University of Arizona Press, 123-144.

ATALAY, Sonya, 2012, Community-Based Archaeology: Research with, by, and for Indigenous and Local Communities, Berkeley: University of California Press. 

ATALAY, Sonya, 2019, “Braiding strands of wellness: How repatriation contributes to healing through embodied practice and storywork”, The Public Historian 41(1): 78-89.

BALANZÁTEGUI, Daniela, Ana María MORALES, and María Barbarita LARA, 2021, “«Cimarrona soy»: Aprendizajes sobre estrategias históricas de resistencia de mujeres afroecuatorianas”, Praxis Arqueológica, 2(1): 70-85.

CERDA, Leo, 2022, Art Inspires Action at COP27. Available at: https://atmos.earth/leo-cerda-art-culture-cop27-bilm-racial-climate-justice/, (last consulted in October 2023).

CIPOLLA, Craig N., James QUINN, and Jay LEVY, 2019, “Theory in collaborative indigenous archaeology: Insights from Mohegan”, American Antiquity 84(1):127-142.

CUSICANQUI, Silvia R., 2017, “Entrevista por Francisco Pazzarelli: Esas papitas me están mirando! Silvia Rivera Cusicanqui y la textura ch’ixi de los mundos”. Revista de @ntropologia da UFSCar 9 (2): 219–30.

GONZALEZ, Sara L., Ian KRETZLER, and Briece EDWARDS, 2018, “Imagining Indigenous and archaeological futures: Building capacity with the Confederated Tribes of Grand Ronde”, Archaeologies 14(1):85-114.

GOULD, Rae, Holly HERBSTER, Heather Law PEZZAROSSI, and Stephen MROZOWSKI, 2020, Historical Archaeology and Indigenous Collaboration: Discovering Histories that Have Futures, Gainesville: University Press of Florida.

KRENAK, Ailton, 2016, “Alianças vivas” (Interview by Pedro Cesarino). In Cohn, S., Kadiwel, I. (eds). Aílton Krenak: Coleção Tembetá. Rio de Janeiro: Azougue, 169–84.

MORSEAU, Blaire, 2023, “Coding Potawatomi Cosmologies”. In Taylor, T.J., Lavender III, I., Dillon, G.L., & Chattopadhyay, B. (eds) The Routledge Handbook of CoFuturisms. London: Routledge, 153-161.

MROZOWSKI, Stephen A., and D. Rae GOULD. 2019, “Building histories that have futures: The benefits of collaborative research.” Archaeologies 15(3):400–421.

NOELLI, Francisco S., Marianne SALLUM and Silvia PEIXOTO, 2023, "Archaeologies of gender, kinship, and mobility in Southeast Brazil: genealogies of Tupiniquim women and the itinerancy of ceramic practices", Journal of Social Archaeology, 23(2): 193-218. 

PANICH, Lee, M., Rebecca ALLEN, and Andrew GALVAN, 2018, “The Archaeology of Native American Persistence at Mission San José,” Journal of California and Great Basin Anthropology 38(1):11-29.

RUBERTONE, Patricia, 2019, Native Providence: Memory, Community, and Survivance in the Northeast. Lincoln: University of Nebraska Press.

SALLUM, Marianne, 2023, “Rethinking Latin American Archaeology: "Affective Alliances" and Traditional Community-Engagement,” Papers from the Institute of Archaeology 34(1): 1-42. 

SALLUM, Marianne, NOELLI, Francisco S., 2021, ““Politics of regard” and the meaning of things: the persistence of ceramic and agroforestry practices by women in São Paulo”, In Panich, L.M., Gonzales, S.L. (eds) The Routledge Handbook of the Archaeology of Indigenous-Colonial Interaction in the Americas. London: Routledge, 338–356.

SANTOS, Antonio Bispo do, 2020, We belong to the land. Translated to English by C. Zigoni. AGITATE! Blog. 7 August 2020. https://agitatejournal.org/we-belong-to-the-land/, (last consulted in September 2023).

SEBASTIAN DRING, K., Stephen W. SILLIMAN, Natasha GAMBRELL, N., Shianne SEBASTIAN, and Ralph SEBASTIAN SIDBERRY, 2019, “Authoring and Authority in Eastern Pequot Community Heritage and Archaeology.” Archaeologies, 15(3): 352-370.

SILLIMAN, Stephen W., 2008, “Collaborative indigenous archaeology: Troweling at the edges, eyeing the center.” In Silliman, S.W. (ed.) Collaborating at the Trowel’s Edge: Teaching and Learning in Indigenous Archaeology, Tucson: University of Arizona Press, 1–21.  

SILLIMAN, Stephen W., 2014, “Archaeologies of survivance and residence: Reflections on the historical archaeology of Indigenous people.” In Ferris, N., Harrison, R., Wilcox, M. (eds) Rethinking Colonial Pasts through Archaeology, Oxford: Oxford University Press, 57-75.

SILLIMAN, Stephen W. and Katherine H. SEBASTIAN DRING., 2008, “Working on pasts for futures: Eastern Pequot field school archaeology in Connecticut.” In Silliman S.W. (ed.) Collaborating at the Trowel’s Edge: Teaching and Learning in Indigenous Archaeology, Tucson: University of Arizona Press, 67–87.

TIYAMBE, Paul Zeleza. 2005. “Rewriting the African Diaspora: Beyond the Black Atlantic.” African Affairs (London) 104(414): 35-68.

TUXÁ, Yacunã, 2022, Instagram. https://www.instagram.com/yacunatuxa/, (last consulted in April 2024).

VIZENOR, Gerald (editor), 2008, Survivance: Narratives of Native Presence, Lincoln: University of Nebraska Press.

XAKRIABÁ, Célia, 2020, Amansar o giz. Piseagrama, 14: 110–117.

< Voltar

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica