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Vol. 29 (1)
2025



Artigos

“Chega desta falsa guerra”: ecologias de valor, operários e ambientalistas na Itália do Sul

Antonio Maria Pusceddu

Este artigo mobiliza as ecologias de valor como um quadro concetual para dar conta dos conflitos, contradições e dilemas decorrentes da experiência da crise socioecológica contemporânea. Baseia-se num trabalho de campo etnográfico em Brindisi,

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Artigos

“Preventing them from being adrift”: challenges for professional practice in the Argentinean mental health system for children and adolescents

Axel Levin

This ethnographic article addresses the difficulties, practices, and strategies of the professionals of the only Argentine hospital fully specialized in the treatment of mental health problems of children and adolescents. More specifically, it

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Artigos

Fazendo Crianças: uma iconografia das ibejadas pelos centros, lojas e fábricas do Rio de Janeiro, Brasil

Morena Freitas

As ibejadas são entidades infantis que, junto aos caboclos, pretos-velhos, exus e pombagiras, habitam o panteão da umbanda. Nos centros, essas entidades se apresentam em coloridas imagens, alegres pontos cantados e muitos doces que nos permitem

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Artigos

To migrate and to belong: intimacy, ecclesiastical absence, and playful competition in the Aymara Anata-Carnival of Chiapa (Chile)

Pablo Mardones

The article analyzes the Anata-Carnival festivity celebrated in the Andean town of Chiapa in the Tarapacá Region, Great North of Chile. I suggest that this celebration constitutes one of the main events that promote the reproduction of feelings of

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Artigos

Hauntology e nostalgia nas paisagens turísticas de Sarajevo

Marta Roriz

Partindo de desenvolvimentos na teoria etnográfica e antropológica para os estudos do turismo urbano, este ensaio oferece uma descrição das paisagens turísticas de Sarajevo pela perspetiva do turista-etnógrafo, detalhando como o tempo se

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Memória

David J. Webster em Moçambique: epistolário mínimo (1971-1979)

Lorenzo Macagno

O artigo comenta, contextualiza e transcreve o intercâmbio epistolar que mantiveram, entre 1971 e 1979, o antropólogo social David J. Webster (1945-1989) e o etnólogo e funcionário colonial português, António Rita-Ferreira (1922-2014).

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Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

Género e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana: introdução

Luzia Oca González, Fernando Barbosa Rodrigues and Iria Vázquez Silva

Neste dossiê sobre o género e os cuidados na comunidade transnacional cabo-verdiana, as leitoras e leitores encontrarão os resultados de diferentes etnografias feitas tanto em Cabo Verde como nos países de destino da sua diáspora no sul da

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Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

“Vizinhu ta trocadu pratu ku kada casa”… Cuidar para evitar a fome em Brianda, Ilha de Santiago de Cabo Verde

Fernando Barbosa Rodrigues

Partindo do terreno etnográfico – interior da ilha de Santiago de Cabo Verde – e com base na observação participante e em testemunhos das habitantes locais de Brianda, este artigo é uma contribuição para poder interpretar as estratégias

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Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

“Eu já aguentei muita gente nessa vida”: sobre cuidados, gênero e geração em famílias cabo-verdianas

Andréa Lobo and André Omisilê Justino

Este artigo reflete sobre a categoria cuidado quando atravessada pelas dinâmicas de gênero e geração na sociedade cabo-verdiana. O ato de cuidar é de fundamental importância para as dinâmicas familiares nesta sociedade que é marcada por

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Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

Cadeias globais de cuidados nas migrações cabo-verdianas: mulheres que ficam para outras poderem migrar

Luzia Oca González and Iria Vázquez Silva

Este artigo toma como base o trabalho de campo realizado com mulheres de quatro gerações, pertencentes a cinco famílias residentes na localidade de Burela (Galiza) e aos seus grupos domésticos originários da ilha de Santiago. Apresentamos três

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Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

The difficult balance between work and life: care arrangements in three generations of Cape Verdean migrants

Keina Espiñeira González, Belén Fernández-Suárez and Antía Pérez-Caramés

The reconciliation of the personal, work and family spheres of migrants is an emerging issue in migration studies, with concepts such as the transnational family and global care chains. In this contribution we analyse the strategies deployed by

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Debate

Estrangeiros universais: a “viragem ontológica” considerada de uma perspetiva fenomenológica

Filipe Verde

Este artigo questiona a consistência, razoabilidade e fecundidade das propostas metodológicas e conceção de conhecimento antropológico da “viragem ontológica” em antropologia. Tomando como ponto de partida o livro-manifesto produzido por

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Debate

Universos estrangeiros: ainda a polêmica virada ontológica na antropologia

Rogério Brittes W. Pires

O artigo “Estrangeiros universais”, de Filipe Verde, apresenta uma crítica ao que chama de “viragem ontológica” na antropologia, tomando o livro The Ontological Turn, de Holbraad e Pedersen (2017), como ponto de partida (2025a: 252).1 O

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Debate

Resposta a Rogério Pires

Filipe Verde

Se há evidência que a antropologia sempre reconheceu é a de que o meio em que somos inculturados molda de forma decisiva a nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. Isso é assim para a própria antropologia e, portanto, ser antropólogo é

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Debate

Da ontologia da fenomenologia na antropologia: ensaio de resposta

Rogério Brittes W. Pires

Um erro do construtivismo clássico é postular que verdades alheias seriam construídas socialmente, mas as do próprio enunciador não. Que minha visão de mundo, do fazer antropológico e da ciência sejam moldadas por meu ambiente – em

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Nota sobre a capa

Nota sobre a capa

Pedro Calapez

© Pedro Calapez. 2023. (Pormenor) Díptico B; Técnica e Suporte: Acrílico sobre tela colada em MDF e estrutura em madeira. Dimensões: 192 x 120 x 4 cm. Imagem gentilmente cedidas pelo autor. Créditos fotográficos: MPPC / Pedro

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Vol. 28 (3)
2024



Artigos

Conveniências contingenciais: a antecipação como prática temporal dos inspetores do SEF na fronteira aeroportuária portuguesa

Mafalda Carapeto

Este artigo surge no seguimento do trabalho etnográfico realizado num aeroporto em Portugal, onde de junho de 2021 a abril de 2022 acompanhei nos vários grupos e turnos o quotidiano dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). A

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Artigos

Cotidiano e trajetórias vitais situadas de mulheres idosas (AMBA, província de Buenos Aires, Argentina): a incidência da pandemia de Covid-19

Ana Silvia Valero, María Gabriela Morgante y Julián Cueto

Este trabalho pretende dar conta das interseções entre diferentes aspetos da vida quotidiana e das trajetórias de vida das pessoas idosas num espaço de bairro e a incidência da pandemia de Covid-19. Baseia-se no desenvolvimento sustentado,

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Artigos

As reconfigurações do culture jamming no ambiente digital: o caso dos memes anticonsumismo na campanha #antiblackfriday (Brasil)

Liliane Moreira Ramos

Neste artigo discuto as reconfigurações do fenômeno chamado de culture jamming, característico da dimensão comunicativa do consumo político, a partir da apropriação de memes da Internet como uma ferramenta de crítica ao consumo. Com base na

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Artigos

Informal economies in Bairro Alto (Lisbon): the nocturnal tourist city explained through a street dealer’s life story

Jordi Nofre

The historical neighbourhood of Bairro Alto is the city’s most iconic nightlife destination, especially for tourists visiting Lisbon (Portugal). The expansion of commercial nightlife in this area has been accompanied by the increasing presence of

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Artigos

A pame theory of force: the case of the xi'iui of the Sierra Gorda of Querétaro, Mexico

Imelda Aguirre Mendoza

This text analyzes the term of force (mana’ap) as a native concept formulated by the pames (xi’iui) of the Sierra Gorda de Querétaro. This is related to aspects such as blood, food, cold, hot, air and their effects on the body. It is observed

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Artigos

Convergences and bifurcations in the biographies and autobiographies of indigenous intellectuals from Mexico and Brazil

Mariana da Costa Aguiar Petroni e Gabriel K. Kruell

In this article we present an exercise of reflection on the challenges involved in writing and studying the biographies and autobiographies of indigenous intellectuals in different geographical, historical and political scenarios: Mexico and Brazil,

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Artigos

A história através do sacrifício e da predação: território existencial tikmũ,ũn nas encruzilhadas coloniais entre os estados brasileiros de Minas Gerais e Bahia

Douglas Ferreira Gadelha Campelo

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Artigos

“Pra virar gente”: a imitação afetuosa nas relações das crianças Capuxu com seus bichos

Emilene Leite de Sousa e Antonella Maria Imperatriz Tassinari

Este artigo analisa as experiências das crianças Capuxu com os animais de seu convívio diário, buscando compreender como as relações das crianças com estas espécies companheiras atravessam o tecido social Capuxu conformando o sistema

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Artigos

Laboratórios de ciências biológicas como práticas: uma leitura etnográfica da anatomia vegetal em uma universidade da caatinga (Bahia, Brasil)

Elizeu Pinheiro da Cruz e Iara Maria de Almeida Souza

Ancorado em anotações elaboradas em uma etnografia multiespécie, este texto formula uma leitura de laboratórios de ciências biológicas como práticas situantes de atores humanos e não humanos. Para isso, os autores trazem à baila plantas

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Interdisciplinaridades

Mapas sensíveis nos territórios abandonados de estações férreas na fronteira Brasil-Uruguai

Vanessa Forneck e Eduardo Rocha

Esta pesquisa cartografa e investiga os territórios criados em decorrência do abandono das estações férreas, acentuado a partir dos anos 1980, nas cidades gêmeas de Jaguarão-Rio Branco e Santana do Livramento-Rivera, na fronteira

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Multimodal Alt

Uma etnografia gráfica como forma de afeto e de memória: aflições, espíritos, e processos de cura nas igrejas Zione em Maputo

Giulia Cavallo

Em 2016, três anos depois de ter concluído o doutoramento, embarquei numa primeira tentativa de traduzir a minha pesquisa etnográfica, em Maputo entre igrejas Zione, para uma linguagem gráfica. Através de uma série de ilustrações

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Recursividades

Desanthropic ethnography: between apocryphal stories of water, deep dichotomies and liquid dwellings

Alejandro Vázquez Estrada e Eva Fernández

In this text we address the possibility of deconstructing the relationships – that have water as a resource available to humans – that have ordered some dichotomies such as anthropos-nature, establishing that there are methodologies, theories

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Argumento

A Antropologia da Arte, a Antropologia – história, dilemas, possibilidades

Filipe Verde

Neste ensaio procuro primeiro identificar as razões do lugar marginal que a arte desde sempre ocupou no pensamento antropológico, sugerindo que elas são a influência da conceção estética de arte e da metafísica que suportou o projeto das

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Recensões

Um jovem caçador de lixo na Mafalala, nas décadas de 1960 e 1970

Diogo Ramada Curto

Celso Mussane (1957-) é um pastor evangélico moçambicano. Licenciou-se na Suécia (1994) e tirou o curso superior de Teologia Bíblica na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Londrina no Brasil (2018). Entre 2019 e 2020, publicou

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Recensões

Alberto Corsín Jiménez y Adolfo Estalella, Free Culture and the City: Hackers, Commoners, and Neighbors in Madrid, 1997-2017

Francisco Martínez

Este libro tiene tres dimensiones analíticas: primero, es una etnografía del movimiento de cultura libre en Madrid. Segundo, es un estudio histórico sobre la traducción de lo digital a lo urbano, favoreciendo una nueva manera de posicionarse en

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(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica

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Lado B

Ex-votos à volta do monumento ao Dr. Sousa Martins

(Re)encontrar Sousa Martins

Vincenzo Scamardella

06.02.2024

This tale is an ethnofiction about a contemporary and individual research for supernatural help that has its roots in the childhood memories of the protagonist. In this story, the fictional character of Miguel who is inspired by encounters that I made in the research field, meets Dona Minda the owner of a Facebook group, that I encountered in this ethnography. Miguel, a young Portuguese migrant in Paris, finds himself alone in the face of the misfortunes that contemporary society reserves for young people and ends up distressed by an illness that traditional medicine is unable to cure. In his despair, immersed in his childhood memories, he (re)meets his grandparents and the figure of Doctor Sousa Martins. In this way, the protagonist begins his discovery of this supernatural entity and of the devotion committed to it. The same entity will then be reencountered in an unexpected space: a Facebook group. DOI: https://doi.org/10.25660/agora0008.zz6f-7c16
Sousa Martins, Ethnofiction, Digital religion, Facebook, Supernatural entity, Religious materiality
Este conto é uma etnoficção cerca de uma busca contemporânea e individual de ajuda sobrenatural que tem as suas raízes nas memórias de infância do protagonista. Nesta história, a figura do Miguel, inspirada nos encontros realizados no campo de pesquisa, conhece Dona Minda, a administradora de um grupo Facebook encontrada na dita etnografia. Miguel, jovem migrante português em Paris, encontra-se sozinho perante as desgraças que a sociedade contemporânea reserva aos jovens e angustiado por uma doença que a medicina tradicional não está a conseguir curar. Neste desânimo, mergulhado nas suas recordações de infância, reencontra os seus avós e a figura do Doutor Sousa Martins. Dessa forma, o protagonista, começa a sua descoberta desta figura e da devoção nela que será reencontrada num espaço inesperado: um grupo Facebook. DOI: https://doi.org/10.25660/agora0008.zz6f-7c16
Sousa Martins, Etnoficção, Religião digital, Facebook, Entidade Sobrenatural, Materialidade religiosa
Este cuento es una etnoficción sobre una búsqueda contemporánea e individual de ayuda sobrenatural que tiene sus raíces en los recuerdos de infancia del protagonista. En esta historia, la figura de Miguel, inspirada en los encuentros realizados en el campo de la investigación, se encuentra con Doña Minda, la administradora de un grupo de Facebook encontrado en dicha etnografía. Miguel, joven portugués emigrante en París, se encuentra solo ante las desgracias que la sociedad contemporánea depara a los jóvenes y angustiado por una enfermedad que la medicina tradicional no consigue curar. En este abatimiento, inmerso en sus recuerdos de infancia, redescubre a sus abuelos y la figura del Dr. Sousa Martins. De este modo, el protagonista inicia su descubrimiento de esta figura y su devoción por él, que redescubrirá en un lugar inesperado: un grupo de Facebook. DOI: https://doi.org/10.25660/agora0008.zz6f-7c16
Sousa Martins, Etnoficción, Religión digital, Facebook, Entidad sobrenatural, Materialidad religiosa
Cette nouvelle est une ethnofiction sur la recherche contemporaine et individuelle d'une aide surnaturelle qui trouve ses racines dans les souvenirs d'enfance du protagoniste. Dans cette histoire, le personnage de Miguel, inspiré par les rencontres faites sur le terrain de la recherche, rencontre Dona Minda, l'administratrice d'un groupe Facebook trouvé dans ladite ethnographie. Miguel, jeune Portugais émigré à Paris, se retrouve seul face aux malheurs que la société contemporaine réserve aux jeunes et angoissé par une maladie que la médecine traditionnelle ne parvient pas à guérir. Dans cet abattement, plongé dans ses souvenirs d'enfance, il redécouvre ses grands-parents et la figure du docteur Sousa Martins. C'est ainsi que le protagoniste commence à découvrir cette figure et à lui vouer une dévotion qui sera redécouverte dans un lieu inattendu : un groupe Facebook. DOI: https://doi.org/10.25660/agora0008.zz6f-7c16
Sousa Martins, Ethnofiction, Religion numérique, Facebook, Entité surnaturelle, Matérialité religieuse
Lado B apresenta textos inéditos de formato não académico, com liberdade autoral e editorial. Os autores são convidados a partilhar textos guardados nas gavetas, não editados que possam surgir de interesses académicos ou científicos, mas que por qualquer razão não se transformaram em produto convencionado como artigo ou capítulo. Dá-se igualmente espaço ao ensaio e ao experimentalismo com abertura a outros campos (literatura, poesia, textos dramáticos ou teatrais etc). Lado B defende a dignidade e fidelidade antropológica da escrita ensaística e literária e convida os autores a apresentar textos literários ou poéticos na construção das suas narrativas, considerando que a escrita, assim como o trabalho de campo, é antes de mais um processo relacional, afetivo, emocional, sensorial e estético.


Este conto quer expressar, pela voz de uma figura imaginária, o pensado e o vivido recolhidos num trabalho de pesquisa etnográfica feito em Portugal. Esta figura imaginária, Miguel, será acompanhada por Dona Minda, pessoa realmente encontrada durante a dita investigação. As outras personagens são imaginadas a partir de encontros acontecidos no campo de pesquisa. Esta escolha narrativa foi pensada para atender ao pedido de anonimato de alguns dos participantes na pesquisa, o que, por outro lado, nos permite focar sobre a acção individual de “pedir um milagre”: as suas modalidades, as suas motivações e a descoberta de um espaço religioso.   

Miguel, no seu quarto, atormentado pelo frio parisiense de Março, encontra-se sozinho perante as desgraças que a sociedade contemporânea reserva aos jovens e angustiado por uma doença que a medicina tradicional não está a conseguir curar. Enredado na sua dor, com a memória atravessa as frias paredes brancas do seu quarto. Reencontra-se criança nos braços da sua avó, Dona Maria, acariciado pelo suave sol primaveril da costa alentejana e ouvindo o doce bater das ondas do mar.

Enquanto se agarra às suas memórias de infância, Miguel redesenha o quarto da sua avó. Vê-se nos lençóis brancos da grande cama de madeira, em frente ao roupeiro cuja porta central tinha um espelho. Depois da última porta deste roupeiro, lembra-se vivamente de uma pequena mesa-redonda, bem integrada na mobília, mas cuidadosamente distinguida nas palavras da avó.

Esta pequena mesa torna-se cada vez mais definida nas memórias de Miguel. A mesa levava uma grande toalha branca e cor-de-rosa que abrigava uma multidão de estatuetas votivas e várias fotografias. Em frente a estes grupos de estatuetas que com os olhos cuidavam os quatro cantos da sala, havia velas e um copo que sempre levava água. Se a água e o fogo delimitavam o espaço à frente, atrás as estatuetas eram abraçadas por flores.

Miguel recorda que nas longas tardes de verão passadas a olhar para estas estatuetas, a sua avó dizia:  "São lindas meu filho, não é? Elas ajudam-nos; quando tiveres um problema pede-lhes ajuda. Elas estarão ao teu lado, juntas ao bom Deus...".           
"Aí, vida! Nunca precisei tanto de ajuda como hoje!", Miguel pensava no seu quarto de Paris, a quilómetros e anos de distância do pequeno altar doméstico.

Estas estatuetas de santos, santas e Nossa Senhora, eram uma companhia excecional no quotidiano e portadoras de ajuda prodigiosa nas crises mais adversas. Miguel recorda as doces palavras e os pedidos que a sua avó reservava a estas estatuetas, abraçadas com um amor e um carinho parecidos com os que a mulher reservava aos seus netos.
Entre estas estatuetas, protegidas, estavam as fotografias de família. Na estatueta preferida de Miguel, a fotografia do avô encontrava conforto. Era a estátua de um homem vestido de preto, com um velho traje de professor com botões dourados. Tinha um porte orgulhoso e um olhar acolhedor, um grande bigode e os cabelos eram pretos e encaracolados. "Dr. Sousa Martins!", exclamou Miguel com alegria no seu quarto, como quando se encontra um velho amigo.

Miguel lembrou-se da noite em que a fotografia do seu avô foi colocada aos pés da estatueta do Dr. Sousa Martins. Foi uma noite de verão mais frenética que as outras. Dona Maria chegou tarde da cidade e quando ela chegou a casa disse: "Miguel, fica calminho hoje. A Dona Aurora vem cá fazer um trabalho para ajudar o teu avô”. Desde o acidente no barco de pesca que a ferida na perna do avô não sarava, apesar das frequentes idas ao hospital.
No início da noite, chegou Dona Aurora, uma mulher magra e com cabelos brancos, e foi ver o avô no quarto. Quando ela entrou, Miguel saiu; mas a criança escondeu-se atrás da porta do quarto e começou a olhar pela fechadura.

A mulher sentou-se ao lado da cama onde o avô estava deitado. Trazia um terço nas mãos e depois de repetir várias vezes o sinal da cruz, fechou os olhos e levantou a cabeça para o céu. Após alguns minutos intermináveis, a mulher baixou lentamente a cabeça e começou a falar sempre com os olhos fechados: "Boa noite, filho, então o que tem esta perna?"      
A voz que pronunciou estas palavras, que ainda ressoa nos ouvidos de Miguel, não era a voz delicada da idosa mulher, mas uma voz masculina, forte e segura, rouca de tabaco.
A Dona Maria respondeu, numa voz quase embargada pelas lágrimas: "Oh Meu Doutor! Oh meu Amigo! Oh meu irmão! Que honra o ter aqui, chamamos-lhe porque o meu marido..." e a avó contou do incidente daquela noite no barco e da ferida do seu marido. “Naquele momento quem atendia e cuidava do avô já não era mais Dona Aurora, mas Sousa Martins!”, como explicou a Dona Maria ao seu neto mais tarde.

Após cerca de trinta minutos de massagens, usos de ervas e pomadas, e orações, tudo visto pelo pequeno Miguel maravilhado, Dona Aurora, ou bem, o Espírito do Doutor através o corpo da mulher, abençoa a casa e os presentes.       
Depois alguns segundos de silencio, Dona Aurora reabriu os olhos e agora com voz calma e doce de mulher exclamou sorrindo: “Então como foi? Já está melhor esta perna? Como estava o nosso Santinho? Ele teve de ir ver os outros doentes.”      
A Dona Maria, sorrido e com olhar lúcido, explicou a Dona Aurora o que o Doutor tinha prescrito. Saindo do quarto Dona Aurora falou com Dona Maria, e disse-lhe para colocar a foto do marido ao lado da estátua do Doutor, e deu-lhe também uma imagem do Doutor que levava uma oração, que o avô deveria recitar, e depois guardar o papelinho na carteira: "Para que o Doutor estivesse sempre ao seu lado" - conclui Dona Aurora.      
Miguel lembra-se bem que, depois dessa noite, o avô, pouco a pouco, foi recuperando a saúde.

Devido a estas memórias de infância, a vontade de busca pessoal de paz e a necessidade de uma ajuda sobrenatural, Miguel sente a exigência de rever o rosto do Doutor Sousa Martins para provar e vivenciar a presença dele na espera de encontrar sossego. “Mas como vivenciar a presença do Doutor?  Como pedir um reconforto, uma luz, tão longe do quarto da minha avó, de Portugal e sem nenhum guia?”.       

Levado pela curiosidade e a necessidade de descobrir mais sobre esta figura que acompanhou os seus avós, Miguel faz o que atualmente costuma ser a normalidade para começar uma pesquisa: escreve o nome do médico num motor de busca digital. Assim, descobre que Sousa Martins foi um grande médico e investigador português do século XIX e foi, também, um grande filantropo. Depois da morte, foi reconhecido como entidade sobrenatural, graças à fé do povo e longe de qualquer instituição. Dessa forma, surge uma devoção que ainda hoje se mantém viva. Seguindo as sugestões do motor de busca digital, Miguel encontra também uma página no Facebook: Doutor Sousa Martins Escolhido por Deus. 

“Como é que uma lembrança do passado se pode encontrar atualizada numa página de Facebook? Como é que uma entidade antiga pode expressar a sua -presença- no Facebook? Como é que a pesquisa de espiritualidade se pode resolver no mundo digital que parece quase inconciliável com o mundo do além?”, pensou Miguel. Curioso por um lado e cético por outro, fez um pedido de inscrição. Já na primeira página de aceso ao grupo, foi informado sobre algumas regras, descrições e finalidades desta página dedicada à devoção ao Dr. Sousa Martins.“Estas regras parecem construir uma distinção deste espaço e o resto do mundo digital e sublinham que é dedicado a encontrar, pedir e agradecer a Sousa Martins o qual atua pela vontade de Deus”, analisava Miguel.  A especialização, trazida por estas fronteiras desenhadas com palavras, deixou Miguel mais seguro "parece que estou a entrar num espaço fechado e protegido... vamos lá, vamos começar esta insólita e curiosa visita", pensou Miguel sorrindo. 
   
Na noite de 6 de Março, Miguel foi aceite no grupo e no dia seguinte faz a sua primeira visita a este espaço digital de espiritualidade. A sua atenção é imediatamente atraída para um vídeo publicado nesse mesmo dia. Com este vídeo, ele encontra-se no cemitério de Alhandra, uma vila nas margens do Tejo, perto de Lisboa.      
No início do vídeo feito com telemóvel, vêm-se muitas pessoas em fila, em silêncio, recolhidas em orações. Esperam para poder entrar num jazigo. Pela pequena porta verde entram duas pessoas de cada vez. Após alguns minutos elas saem. Olhando bem, sobre o mármore branco, na direita da entrada do jazigo, há uma escritura em tons dourados: “José Thomas de Sousa Martins, 7 Março 1843 – 18 de agosto 1897.”   

Miguel pensou; “É aqui que Ele está! E hoje, dia 7 de Março, é o dia da comemoração da sua partida, hoje é a sua romaria...e eu posso ver isso à distância!” Assim, Miguel entrou no cemitério mesmo estando longe. A grande fila de devotos à espera de entrar deixou-o com a impressão de que “Sousa Martins continua a ouvir quem precisa dele.”   
Nesse dia, muitos membros do grupo colocaram fotos das visitas ao jazigo ou da praça em Lisboa onde há uma grande estátua do Doutor sobre um mar de flores e ex-votos.
Além destas imagens e vídeos que parecem provas de fé e possibilidades de difusão desta devoção, destacam-se na página do grupo, as imagens do Doutor e os pedidos de ajuda que as pessoas partilham. “Parece que o Doutor Sousa Martins até no mundo digital nos ouve!”, pensava Miguel.

“Mas como é que esse mundo digital, do efémero, dos frios objetos tecnológicos, pode acolher a luz e a espiritualidade?”, indagava Miguel. O romantismo das suas ideias de espiritualidade parecia inconciliável com uma devoção no digital. Mas, a necessidade da ajuda sobrenatural, a distância física e temporal dos espaços da devoção em Portugal e do altar da sua avó, tornaram este (tão contemporâneo) formato de devoção uma possibilidade aceitável e compreensível.

Lendo as palavras dos pedidos de milagre feitos neste grupo Facebook, parece que “em caso de necessidade, até uma página de Facebook pode virar um espaço propício ao religioso; até uma página de Facebook pode ajudar ao encontro com uma entidade. Tal encontro, ao final, é vivido sempre na intimidade dos sentidos...na intimidade das nossas almas”, pensou Miguel. Nestas mensagens digitais publicadas no grupo, muitas pessoas escrevem diretamente ao Doutor agradecendo-lhe ou pedindo-lhe uma ajuda, um guia nas dificuldades da vida cá em baixo, no sofrimento e nas angústias que a vida pode, às vezes, reservar. Em fim, estes pedidos de ajuda sobrenatural deixaram Miguel com a sensação que "O Doutor parece estar aqui, presente, à nossa escuta...”

Miguel quer experimentar enviar um pedido de milagre ao grupo, mas, divido na sua timidez, antes de tudo ele vai escrever uma mensagem privada à administradora do grupo, uma tal de Dona Minda. Nesta mensagem, pede licença para poder publicar e também conselhos sobre: “Como é que fazemos os pedidos? Como é que podemos falar com Ele, aqui no Facebook?” Conclui o pequeno texto agradecendo os vídeos do dia da romaria, que lhe permitiram estar mais perto dos lugares físicos da devoção.

Dona Minda, com carinho, respondeu: "Falamos com ele como se ele estivesse à nossa frente, porque ele está lá, ele ouve-nos! Tudo se pode pedir ao nosso santinho. Já houve pessoas que me contactaram e me perguntaram como fazer, como pedir, e às vezes pediram-me para eu pedir por elas... Eu faço, sabes, eu penso muito nele e no pedido... e depois escrevo...é preciso ter Fé!". Ao ler estas palavras e pensando no empenho da Dona Minda e na sua dedicação aos outros membros do grupo, Miguel, senti confiança na mulher que se apresentava como um guia, uma figura de orientação e de ajuda.

A curiosidade no jovem foi crescendo e outras perguntas, entre o ceticismo e a vontade de compreender a – presença - do Doutor, se impuseram. Assim, Miguel pensou que “Com os conhecimentos e a proximidade com o Espírito do Doutor, a Dona Minda talvez tenha as respostas”, e a conversa entre os dois continuou. Esta curiosidade cresceu em Miguel porque este grupo Facebook caracterizado pela procura do milagre presenta-se, por um lado, como um caminho de reconciliação com as suas memórias e, por outro, como um possível início de alívio dos seus sofrimentos, através do aproximar-se ao Doutor Sousa Martins.

Tal como quando era criança e o seu avô precisou da ajuda do médico milagreiro, as imagens votivas acompanham os pedidos das pessoas neste espaço digital. A representação de Sousa Martins é, muitas vezes, a mesma que o avô de Miguel tinha na sua carteira. “Como esquecer a imagem daquele homem de bigode sentado à secretária, com olhar atento, e com o ar de quem está a ouvir, que acompanhava sempre o avô?” pensava Miguel, mergulhando nas suas memórias de infância. Além disso, estas imagens digitais que fluem sob os olhos de Miguel, representam também o Doutor ao lado de outros santos, como estava na mesinha da avó, ou com flores, ou no céu. Afinal, no coração de Miguel, são mesmo estas memórias de infância que valorizam e dão um sentido ao entrar numa forma de devoção tão contemporânea, para encontrar um sossego.

Muitas destas imagens digitais são criadas por Dona Minda, a quem, Miguel, cheio de curiosidade perguntou “Como é que se criam estas imagens votivas digitais?”. Dona Minda explicou, "Sabes... à noite há qualquer coisa que me acorda, não sei o quê...mas já não durmo... quando assim é, fico inspirada e escrevo orações e poemas ou entro na aplicação e faço as imagens para o nosso Irmão (Sousa Martins) ...é quase como se não fosse eu… só tenho a intenção e a vontade de agradecer ao Doutor...".

Longe de ser uma figura do “Além” que tudo julga, Miguel olhava para o Espírito do Doutor como uma possibilidade de acolhimento, uma oportunidade de ser abraçado com carinho, uma carícia na cabeça, uma “Luz” na escuridão que muitas vezes invadia os seus pensamentos mais íntimos. As imagens votivas, como as escrituras, tornam-se assim veículos de transformação da vida de quem acredita, veículos para aproximar-se do Doutor Sousa Martins.

Dona Minda explica ao Miguel: "Criei este grupo há muitos anos. Mas já conhecia Sousa Martins muito antes. Ele salvou a minha filha de uma doença grave. Já ninguém a podia ajudar, mas eu ia todos os dias ver o Sousa Martins, à sua estátua e ele salvou-a. Até o médico me disse que foi um milagre! Depois disso sempre tive fé, sempre falei com ele. Só depois fiz este grupo... é uma forma de agradecer... de divulgar o seu poder... de ajudar as pessoas...".

Nestas palavras da Dona Minda, que tão rapidamente tornou-se uma figura de confiança, a ação de criação do grupo, a sua gestão e conteúdos, são atos de agradecimento a Sousa Martins. “E se agradecemos tanto é porque Ele faz?!”, repetia Miguel para si próprio nos seus pensamentos que passavam de céticos a esperançosos.

Depois desta conversa, da visita digital ao jazigo, do envolvimento no grupo de Dona Minda e dos outros devotos, Miguel sentiu que este espaço da contemporaneidade é de facto um espaço de acolhimento e escuta, de quem procura o milagre. Este grupo de Facebook também é, para Miguel, um espaço de acolhimento das suas memórias. Através esta viagem no mundo digital das imagens, das práticas, das formas de ressentir a entidade parece ao Miguel até mais claro como uma entidade antiga pode expressar a sua -presença- no Facebook.

Miguel, depois de se recolher em si mesmo, iniciou a escritura do seu pedido de milagre ao Doutor, e transmitiu o pedido ao grupo. Aguardando, no coração dele, o dia 18 do mês de Agosto, para ir a Alhandra, e participar, desta vez em pessoa, na romaria do dia de nascimento de Sousa Martins. Anseia, assim, pela ocasião de poder agradecer e pedir ajuda a esta entidade sobrenatural que une o seu passado ao seu presente.

Vincenzo Scamardella (Aix-Marseille Université (IDEAS)




Vincenzo Scamardella é doutorando na Universidade de Aix-Marseille. Sua pesquisa concentra-se na antropologia da religião, antropologia visual e antropologia do digital. O seu trabalho atual centra-se numa etnografia do culto ao Doutor Sousa Martins em Portugal, estudando as circulações e interconexões entre espaços devocionais online e offline. Um interesse particular é direcionado para as práticas devocionais contemporâneas deste culto, incluindo o estudo da mediunidade.




Bibliografia



AUGÉ, Marc, 2011, Journal d’un SDF. Ethnofiction. Paris : Seuil.
CAMPEBELL, Heidi A. e Ruth TSURIA, (orgs.), 2022, Digital religion. Understanding Religious Practice in Digital Media. New York: Taylor & Francis.
FAVARET-SAADA, Jeanne, 1977, Les mots, la mort, les sorts. Paris : Gallimard.
GIUMBELLE, Émerson, João RICKLI e Rodrigo TONIOL (orgs.), 2019, Como as coisas importam. Uma abordagem material da religião. Textos de Brigit Mayer. Porto Alegre: Editora da UFRGS.
LUHRMANN, Tanya, 2022, Le feu de la présence. Aviver les expériences de l’invisible. Bruxelles : Vues de l’esprit.
PEREIRA, Pedro, 2021, O outro lado da rua. Viana do Castelo: Centro de Estudo Regionais.
PONS, Christophe, 2002, Le Spectre et le voyant. Paris : Presses de l’université de Paris-Sorbonne.
PUSSETTI, Chiara, Humberto MARTINS e Paulo MENDES (orgs.), 2023, Exercícios de antropologia narrativa. Lisboa : Edições Colibri. 


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