English

Português

Español

Français

Colocar mensagem aqui

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Vol. 29 (1)
2025



Artigos

“Chega desta falsa guerra”: ecologias de valor, operários e ambientalistas na Itália do Sul

Antonio Maria Pusceddu

Este artigo mobiliza as ecologias de valor como um quadro concetual para dar conta dos conflitos, contradições e dilemas decorrentes da experiência da crise socioecológica contemporânea. Baseia-se num trabalho de campo etnográfico em Brindisi,

[+]


Artigos

“Preventing them from being adrift”: challenges for professional practice in the Argentinean mental health system for children and adolescents

Axel Levin

This ethnographic article addresses the difficulties, practices, and strategies of the professionals of the only Argentine hospital fully specialized in the treatment of mental health problems of children and adolescents. More specifically, it

[+]


Artigos

Fazendo Crianças: uma iconografia das ibejadas pelos centros, lojas e fábricas do Rio de Janeiro, Brasil

Morena Freitas

As ibejadas são entidades infantis que, junto aos caboclos, pretos-velhos, exus e pombagiras, habitam o panteão da umbanda. Nos centros, essas entidades se apresentam em coloridas imagens, alegres pontos cantados e muitos doces que nos permitem

[+]


Artigos

To migrate and to belong: intimacy, ecclesiastical absence, and playful competition in the Aymara Anata-Carnival of Chiapa (Chile)

Pablo Mardones

The article analyzes the Anata-Carnival festivity celebrated in the Andean town of Chiapa in the Tarapacá Region, Great North of Chile. I suggest that this celebration constitutes one of the main events that promote the reproduction of feelings of

[+]


Artigos

Hauntology e nostalgia nas paisagens turísticas de Sarajevo

Marta Roriz

Partindo de desenvolvimentos na teoria etnográfica e antropológica para os estudos do turismo urbano, este ensaio oferece uma descrição das paisagens turísticas de Sarajevo pela perspetiva do turista-etnógrafo, detalhando como o tempo se

[+]


Memória

David J. Webster em Moçambique: epistolário mínimo (1971-1979)

Lorenzo Macagno

O artigo comenta, contextualiza e transcreve o intercâmbio epistolar que mantiveram, entre 1971 e 1979, o antropólogo social David J. Webster (1945-1989) e o etnólogo e funcionário colonial português, António Rita-Ferreira (1922-2014).

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

Género e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana: introdução

Luzia Oca González, Fernando Barbosa Rodrigues and Iria Vázquez Silva

Neste dossiê sobre o género e os cuidados na comunidade transnacional cabo-verdiana, as leitoras e leitores encontrarão os resultados de diferentes etnografias feitas tanto em Cabo Verde como nos países de destino da sua diáspora no sul da

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

“Vizinhu ta trocadu pratu ku kada casa”… Cuidar para evitar a fome em Brianda, Ilha de Santiago de Cabo Verde

Fernando Barbosa Rodrigues

Partindo do terreno etnográfico – interior da ilha de Santiago de Cabo Verde – e com base na observação participante e em testemunhos das habitantes locais de Brianda, este artigo é uma contribuição para poder interpretar as estratégias

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

“Eu já aguentei muita gente nessa vida”: sobre cuidados, gênero e geração em famílias cabo-verdianas

Andréa Lobo and André Omisilê Justino

Este artigo reflete sobre a categoria cuidado quando atravessada pelas dinâmicas de gênero e geração na sociedade cabo-verdiana. O ato de cuidar é de fundamental importância para as dinâmicas familiares nesta sociedade que é marcada por

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

Cadeias globais de cuidados nas migrações cabo-verdianas: mulheres que ficam para outras poderem migrar

Luzia Oca González and Iria Vázquez Silva

Este artigo toma como base o trabalho de campo realizado com mulheres de quatro gerações, pertencentes a cinco famílias residentes na localidade de Burela (Galiza) e aos seus grupos domésticos originários da ilha de Santiago. Apresentamos três

[+]


Dossiê "Géneros e cuidados na experiência transnacional cabo-verdiana"

The difficult balance between work and life: care arrangements in three generations of Cape Verdean migrants

Keina Espiñeira González, Belén Fernández-Suárez and Antía Pérez-Caramés

The reconciliation of the personal, work and family spheres of migrants is an emerging issue in migration studies, with concepts such as the transnational family and global care chains. In this contribution we analyse the strategies deployed by

[+]


Debate

Estrangeiros universais: a “viragem ontológica” considerada de uma perspetiva fenomenológica

Filipe Verde

Este artigo questiona a consistência, razoabilidade e fecundidade das propostas metodológicas e conceção de conhecimento antropológico da “viragem ontológica” em antropologia. Tomando como ponto de partida o livro-manifesto produzido por

[+]


Debate

Universos estrangeiros: ainda a polêmica virada ontológica na antropologia

Rogério Brittes W. Pires

O artigo “Estrangeiros universais”, de Filipe Verde, apresenta uma crítica ao que chama de “viragem ontológica” na antropologia, tomando o livro The Ontological Turn, de Holbraad e Pedersen (2017), como ponto de partida (2025a: 252).1 O

[+]


Debate

Resposta a Rogério Pires

Filipe Verde

Se há evidência que a antropologia sempre reconheceu é a de que o meio em que somos inculturados molda de forma decisiva a nossa compreensão do mundo e de nós mesmos. Isso é assim para a própria antropologia e, portanto, ser antropólogo é

[+]


Debate

Da ontologia da fenomenologia na antropologia: ensaio de resposta

Rogério Brittes W. Pires

Um erro do construtivismo clássico é postular que verdades alheias seriam construídas socialmente, mas as do próprio enunciador não. Que minha visão de mundo, do fazer antropológico e da ciência sejam moldadas por meu ambiente – em

[+]

Nota sobre a capa

Nota sobre a capa

Pedro Calapez

© Pedro Calapez. 2023. (Pormenor) Díptico B; Técnica e Suporte: Acrílico sobre tela colada em MDF e estrutura em madeira. Dimensões: 192 x 120 x 4 cm. Imagem gentilmente cedidas pelo autor. Créditos fotográficos: MPPC / Pedro

[+]

Vol. 28 (3)
2024



Artigos

Conveniências contingenciais: a antecipação como prática temporal dos inspetores do SEF na fronteira aeroportuária portuguesa

Mafalda Carapeto

Este artigo surge no seguimento do trabalho etnográfico realizado num aeroporto em Portugal, onde de junho de 2021 a abril de 2022 acompanhei nos vários grupos e turnos o quotidiano dos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). A

[+]


Artigos

Cotidiano e trajetórias vitais situadas de mulheres idosas (AMBA, província de Buenos Aires, Argentina): a incidência da pandemia de Covid-19

Ana Silvia Valero, María Gabriela Morgante y Julián Cueto

Este trabalho pretende dar conta das interseções entre diferentes aspetos da vida quotidiana e das trajetórias de vida das pessoas idosas num espaço de bairro e a incidência da pandemia de Covid-19. Baseia-se no desenvolvimento sustentado,

[+]


Artigos

As reconfigurações do culture jamming no ambiente digital: o caso dos memes anticonsumismo na campanha #antiblackfriday (Brasil)

Liliane Moreira Ramos

Neste artigo discuto as reconfigurações do fenômeno chamado de culture jamming, característico da dimensão comunicativa do consumo político, a partir da apropriação de memes da Internet como uma ferramenta de crítica ao consumo. Com base na

[+]


Artigos

Informal economies in Bairro Alto (Lisbon): the nocturnal tourist city explained through a street dealer’s life story

Jordi Nofre

The historical neighbourhood of Bairro Alto is the city’s most iconic nightlife destination, especially for tourists visiting Lisbon (Portugal). The expansion of commercial nightlife in this area has been accompanied by the increasing presence of

[+]


Artigos

A pame theory of force: the case of the xi'iui of the Sierra Gorda of Querétaro, Mexico

Imelda Aguirre Mendoza

This text analyzes the term of force (mana’ap) as a native concept formulated by the pames (xi’iui) of the Sierra Gorda de Querétaro. This is related to aspects such as blood, food, cold, hot, air and their effects on the body. It is observed

[+]


Artigos

Convergences and bifurcations in the biographies and autobiographies of indigenous intellectuals from Mexico and Brazil

Mariana da Costa Aguiar Petroni e Gabriel K. Kruell

In this article we present an exercise of reflection on the challenges involved in writing and studying the biographies and autobiographies of indigenous intellectuals in different geographical, historical and political scenarios: Mexico and Brazil,

[+]


Artigos

A história através do sacrifício e da predação: território existencial tikmũ,ũn nas encruzilhadas coloniais entre os estados brasileiros de Minas Gerais e Bahia

Douglas Ferreira Gadelha Campelo

[+]


Artigos

“Pra virar gente”: a imitação afetuosa nas relações das crianças Capuxu com seus bichos

Emilene Leite de Sousa e Antonella Maria Imperatriz Tassinari

Este artigo analisa as experiências das crianças Capuxu com os animais de seu convívio diário, buscando compreender como as relações das crianças com estas espécies companheiras atravessam o tecido social Capuxu conformando o sistema

[+]


Artigos

Laboratórios de ciências biológicas como práticas: uma leitura etnográfica da anatomia vegetal em uma universidade da caatinga (Bahia, Brasil)

Elizeu Pinheiro da Cruz e Iara Maria de Almeida Souza

Ancorado em anotações elaboradas em uma etnografia multiespécie, este texto formula uma leitura de laboratórios de ciências biológicas como práticas situantes de atores humanos e não humanos. Para isso, os autores trazem à baila plantas

[+]


Interdisciplinaridades

Mapas sensíveis nos territórios abandonados de estações férreas na fronteira Brasil-Uruguai

Vanessa Forneck e Eduardo Rocha

Esta pesquisa cartografa e investiga os territórios criados em decorrência do abandono das estações férreas, acentuado a partir dos anos 1980, nas cidades gêmeas de Jaguarão-Rio Branco e Santana do Livramento-Rivera, na fronteira

[+]


Multimodal Alt

Uma etnografia gráfica como forma de afeto e de memória: aflições, espíritos, e processos de cura nas igrejas Zione em Maputo

Giulia Cavallo

Em 2016, três anos depois de ter concluído o doutoramento, embarquei numa primeira tentativa de traduzir a minha pesquisa etnográfica, em Maputo entre igrejas Zione, para uma linguagem gráfica. Através de uma série de ilustrações

[+]


Recursividades

Desanthropic ethnography: between apocryphal stories of water, deep dichotomies and liquid dwellings

Alejandro Vázquez Estrada e Eva Fernández

In this text we address the possibility of deconstructing the relationships – that have water as a resource available to humans – that have ordered some dichotomies such as anthropos-nature, establishing that there are methodologies, theories

[+]


Argumento

A Antropologia da Arte, a Antropologia – história, dilemas, possibilidades

Filipe Verde

Neste ensaio procuro primeiro identificar as razões do lugar marginal que a arte desde sempre ocupou no pensamento antropológico, sugerindo que elas são a influência da conceção estética de arte e da metafísica que suportou o projeto das

[+]


Recensões

Um jovem caçador de lixo na Mafalala, nas décadas de 1960 e 1970

Diogo Ramada Curto

Celso Mussane (1957-) é um pastor evangélico moçambicano. Licenciou-se na Suécia (1994) e tirou o curso superior de Teologia Bíblica na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em Londrina no Brasil (2018). Entre 2019 e 2020, publicou

[+]


Recensões

Alberto Corsín Jiménez y Adolfo Estalella, Free Culture and the City: Hackers, Commoners, and Neighbors in Madrid, 1997-2017

Francisco Martínez

Este libro tiene tres dimensiones analíticas: primero, es una etnografía del movimiento de cultura libre en Madrid. Segundo, es un estudio histórico sobre la traducción de lo digital a lo urbano, favoreciendo una nueva manera de posicionarse en

[+]

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica

Notas Rápidas

Na cidade das sombras: movendo-se ante a violência em Veracruz

Juan Antonio Flores Martos

20.06.2024

Ethnographing the impact of violence on the lives of the people of Veracruz (Mexico) stimulates a transformation of the ways of working and being in the countryside. The ethnographer experiences the need to adapt to a panoptic urban territory, guided by his collaborators, and in a context where public exposure can be safe, and silences can communicate eloquently.

DOI:  https://doi.org/10.25660/agora0016.09ch-qr12
Etnografar o impacto da violência na vida da população de Veracruz (México) estimula uma transformação das formas de trabalhar e de estar no campo. O etnógrafo experimenta a necessidade de se adaptar a um território urbano panótico, guiado pelos seus colaboradores, e num contexto em que a exposição pública pode ser segura e os silêncios podem comunicar eloquentemente.

DOI:  https://doi.org/10.25660/agora0016.09ch-qr12

Hacer etnografía sobre los impactos de las violencias en las vidas de las gentes de Veracruz (México) estimula una transformación de los modos de trabajar y de estar en el campo. El etnógrafo experimenta la necesidad de adaptarse a un territorio urbano panóptico, guiado por sus colaboradores, y en un contexto donde la exposición pública puede resultar segura, y los silencios comunicar con elocuencia.

DOI:  https://doi.org/10.25660/agora0016.09ch-qr12

L'ethnographie de l'impact de la violence sur la vie des habitants de Veracruz (Mexique) stimule la transformation des façons de travailler et d'être à la campagne. L'ethnographe éprouve le besoin de s'adapter à un territoire urbain panoptique, guidé par ses collaborateurs, et dans un contexte où l'exposition publique peut être sûre, et où les silences peuvent communiquer de manière éloquente.

DOI:  https://doi.org/10.25660/agora0016.09ch-qr12
Esta secção tem um perfil semelhante ao de um blogue, que pode incluir entradas independentes e originais, mas também breves reflexões de autores de textos publicados na revista, oferecendo uma versão mais "popular", em formato de blogue, do respetivo artigo.

Etnografar o impacto da violência na vida da população de Veracruz (México) estimula uma transformação das formas de trabalhar e de estar no campo. O etnógrafo experimenta a necessidade de se adaptar a um território urbano panótico, guiado pelos seus colaboradores, e num contexto em que a exposição pública pode ser segura e os silêncios podem comunicar eloquentemente.



En los noventa trabajé en la ciudad de Veracruz sobre violencias cotidianas[1], y quince años después participaba en un proyecto sobre cómo había cambiado la vida de sus gentes tras las violencias generadas por la “guerra contra el narco”. Esa tarde de primavera salí de mi hotel en Poza Rica, una ciudad al norte del Estado de Veracruz, a la que había llegado un par de días antes a impartir un curso sobre antropología de las emociones y el estudio de las violencias, en que trataba de cuestiones teóricas, éticas, y según yo, de metodología y técnicas de investigación específicas para las violencias. Evité tomar un taxi y caminé hasta la sede del principal periódico. Delante de la entrada, había un blindado y varios soldados con pasamontañas, chalecos antibalas, y armas largas. Había quedado para entrevistar a un periodista que asistió como estudiante a mi curso, el Huasteco. Después de presentarme al jefe de redacción, no quiso que hiciéramos la entrevista en las oficinas, pensé que iríamos a un café o a su casa. Al salir caminamos unas pocas calles hasta un lavado de coches, donde había un kiosco de cervezas, compramos unos cuartos de Corona y nos sentamos en un muro bajo que delimitaba el negocio. Saqué mi grabadora digital Sony, y enseguida me indicó que la guardara inmediatamente (de hecho no la volví a utilizar más en ese trabajo de campo). La entrevista la haríamos con mi teléfono, colocado entre ambos. Así, mientras atardecía, y a la vista de todo el mundo -inclusive del encargado del lavado, un tipo de negocio utilizado por el narco para el tráfico de cocaína al por menor, vigilar e informar de movimientos- mantuvimos una larga conversación, grabada por un objeto de uso común e imperceptible, como un teléfono móvil. Paradójicamente exponiendo en público su encuentro con un gringo, éste resultaba menos sospechoso y la situación se volvía más segura para él como periodista[2] -meses después este amigo me comunicaba por messenger que su jefe de redacción había sido tiroteado al salir del periódico y una bala le había perforado el pulmón-.


Foto do autor.


A partir de aquella tarde, cambié mi modo de entrevistar a las gentes de Veracruz, y empecé a entrever con cada conversación, la compleja trama ética, metodológica y teórica que debía ensayar para analizar y escribir su realidad. Paradójicamente la exposición y la visibilidad, resultaba más seguras que el ocultamiento, pero también el silencio podía llegar a ser más elocuente que la palabra.


A unas cuatro horas al sur, en la ciudad de Veracruz, en la que había trabajado durante meses y conocía bien desde hacía más de dos décadas, dos entrevistas me hicieron entender algo muy importante.


Joel es mi mejor informante y amigo en la ciudad desde 1993. Había tenido que dejar su trabajo como representante comercial con rutas por el sur del estado, por la inseguridad y riesgo vital que los nuevos tiempos habían traído. Entonces tenía un pequeño negocio ubicado en el local exterior de su casa, lo que le permitía atender y proteger a su familia. Desde que me recogió en mi hotel, y sin yo preguntarle explícitamente, me estuvo narrando la desconfianza, el miedo y violencias que habían impactado a las vidas de su gente próxima en los últimos años en Veracruz. Estuvo retrasando la entrevista, hasta la última tarde que yo pasaba en la ciudad, y cuando la hicimos, en un cuarto de su casa, prácticamente no me contó nada de lo que con detalle me había explicado durante varias horas los días anteriores, le encontré paralizado, muy serio y con una mirada helada, casi rozando el pánico. A pesar de la confianza que nos tenemos y de conocernos desde hacía veintitrés años, estaba aterrorizado por lo que le podía pasar a su familia si algo de lo que me contaba, llegaba a ser conocido por los responsables de haber instaurado ese régimen de terror. Meses después cuando volví a verle a él y su familia y le pedí disculpas por haberle hecho sentir así.


No olvidaré tampoco la entrevista a Nicanora, una señora de las familias acomodadas e importantes de Veracruz, del círculo del entonces presidente municipal de la ciudad. Al preguntarla si conocía a alguien de su entorno que hubiera sido víctima de violencia y secuestro en estos años, se quedó en silencio durante un buen rato y con sus ojos y rostro me transmitió que alguien de su entorno familiar cercano lo había sufrido, pero que no iba a decir una palabra sobre ello.


Más que nunca es pertinente emplear aquí la metáfora de Francisco Ferrándiz cuando refiere que investigar las violencias cotidianas y escenarios dañados por algún tipo de guerra y trauma cultural, convierte a esa etnografía en un campo de minas[3], y al investigador y las personas que le rodean o interactúan con él, en potenciales víctimas o daños colaterales.


Todas las personas y familias que entrevisté habían experimentado o tenían un familiar, amigo, conocido o compañero de trabajo que había sufrido algún tipo de violencias en esos últimos diez años, al salir a la calle sentían el temor de ser asaltados, secuestrados o desaparecidos, y habían cambiado sus cautelas y prácticas cotidianas -en su hogar, trabajo o relaciones sociales-. Compartían la sensación de sentirse vigilados de modo permanente, como en un panóptico[4] que comienza y se activa cuando uno sale a la calle –pero también cuando uno entra en las redes sociales-.


“En la tarde para la noche, ya hay gente de guarnición en las calles, cualquiera puede tener un celular ahora y estar chequeando, monitoreando… Incluso vas caminando en las calles, y siempre ves tipos en las esquinas, no sabes si son de los buenos o de los malos…” (Kochancle)


Foto do autor.


A esos halcones, avisadores de movimientos de la gente, se les conocía popularmente con un término muy plástico que remite a la vez a su eficacia y a lo complicado que resulta desembarazarse de ellos: “sombra”, como les llamaba la hija de Elías,


“Hay tanta gente que andan viendo, andan en coches, andan…que ya no sabes si de repente tú andas caminando aquí, se dan la vuelta y te ven.. pero no sé, prefiero no dar pie. Si andan monitoreando, o alguien que vas caminando y te dice cuatro palabras, mi hija me dice: “Papá ese es sombra, verdá?” Sombra, es alguien que está nada más viendo a ver que vé.. “Papá parece sombra..”


Juan Antonio Flores Martos, Profesor Titular de Antropología Social (Facultad de Ciencias Sociales y Tecnologías de la Información, Universidad de Castilla-La Mancha (UCLM), España)

Juan Antonio Flores Martos es antropólogo y ha hecho trabajo de campo en México, Bolivia y España. Imparte un curso de “Antropología de las violencias” en el Máster en Antropología Aplicada: entre la Diversidad y la Globalización, en la Universidad de Castilla-La Mancha (UCLM).
[1] Flores Martos, J.A. (2004). Portales de múcara. Una etnografía del puerto de Veracruz. Xalapa: Editorial de la Universidad Veracruzana. Flores, J.A. (2005). Hacia una teoría cultural del trauma y las violencias cotidianas en el Puerto de Veracruz (México). Nueva Antropología. Revista de Ciencias Sociales, nº 65, pp. 93-112. https://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0185-06362005000200006 . Flores Martos, J.A. (2016). Sade en los trópicos: historias, violencias y fantasías en el puerto de Veracruz. En González, L. y Gutiérrez, M. (eds.) (2016). Heridas en el sí mismo. Proposiciones corporales. pp.521-549. Madrid: Fundación CITAP.  Flores Martos, J.A. (2018). Del gusto de ambigú al necrogusto en el Puerto de Veracruz (México), Trabalhos de Antropologia e Etnologia, 2018, volumen 58, pp. 517-530. https://ojs.letras.up.pt/index.php/tae/article/view/10012/9194 [2] Entre otros “demógrafos populares”, utilizando la terminología de Nancy Scheper-Hughes, entrevisté a periodistas. Uno de ellos, Juan Eduardo Mateos Flores, ha publicado recientemente una crónica de esos años, Reguero de cadáveres (2021) Ciudad de México: Los libros del perro. [3] Ferrándiz Martín, Francisco, 2008: “La etnografía como campo de minas: De las violencias cotidianas a los paisajes posbélicos”. En Bullen, M. y Díez, C. (Coords.) (2008). Retos Teóricos y Nuevas Prácticas. XI Congreso de Antropología de la Federación de Asociaciones de Antropología del Estado Español (FAAEE). Pp. 89-115. San Sebastián: Ankulegi. [4] “En la penumbra, un ojo vigilante, un ojo que sabe. Aquí no se puede confiar en nadie. Siempre hay alguien que sabe. La paranoia como teoría social. La paranoia como práctica social”. (Taussig, 1995:38). Taussig, Michael, 1995: “El terror como lugar común: la teoría de Walter Benjamin de la historia como estado de sitio”. En Michael Taussig, Un gigante en convulsiones. El mundo humano como sistema nervioso en emergencia permanente, 25-55. México: Gedisa.

< Voltar

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica

Revista

Sobre

Equipa Editorial

Autores

Submissão de Artigos

Números

Agora

Sobre

Equipa Editorial

Artigos

Secções

Política de privacidade

Iscte-Instituto Universitário de Lisboa
Edifício 4 - Iscte_Conhecimento e Inovação, Sala B1.130 
Av. Forças Armadas, 40 1649-026 Lisboa, Portugal

(+351) 210 464 057
etnografica@cria.org.pt

Financiado pela FCT, I. P. (UIDB/04038/2020 e UIDP/04038/2020)

© 2025 Revista Etnográfica